Orador sugere que os padres devem ter formação em comunicação nos seminários, uma formação que os prepare para «lidar com a imprensa e os ensine a intervir no espaço mediático»
Orador sugere que os padres devem ter formação em comunicação nos seminários, uma formação que os prepare para «lidar com a imprensa e os ensine a intervir no espaço mediático»Na metáfora da travessia da ponte, escolhida para iluminar a reflexão do X Congresso da associação da Imprensa de Inspiração Cristã (aIC), os intervenientes do primeiro painel do segundo dia (sexta-feira, 27 de outubro) discorreram sobre o tema Do lado de cá (memórias da Imprensa de Inspiração Cristã).
O padre Jesus Ramos, diretor do Correio de Coimbra, falou sobre o legado dos jornais centenários. Referiu especialmente o jornal amigo do Povo, muito popular na sua diocese e do qual faz parte, estando na equipa da redação há já 35 anos. O segredo para um jornal de inspiração cristã chegar aos 100 anos? Padre Ramos responde: O jornal está vivo depois de 100 anos porque fidelizou clientes, porque tem uma linguagem acessível e é fácil de ler, porque passou de pais para filhos. E revela uma das fórmulas do sucesso: Sempre me bati para que o jornal fosse feito de tal forma que um leitor da quarta classe o pudesse entender, explicou.
O padre adelino ascenso, Superior Geral dos Missionários da Boa Nova e presidente dos IMaG (Institutos Missionários ad Gentes), apresentou o tema Uma voz sem fronteiras.como missionário por longos anos no Japão, ascenso apresentou a imprensa missionária como manifestação e expressão do encontro de culturas. Defende que uma das funções principais da imprensa missionária é a de contar histórias, narrativas. Porque o Cristianismo é uma comunidade narradora de histórias. Da sua experiência com as espiritualidades do oriente, diz ter aprendido a importância da dimensão da escuta. O trabalho da imprensa missionária é fazer que o leitor se sinta parte da narrativa, sugere.
a fechar o primeiro painel esteve Paulo agostinho, professor universitário e editor da agência Lusa. abordou o tema Uma marca com diferentes perfis. afirmou que a Bíblia e a Igreja Católica são o maior fenómeno de comunicação da humanidade, explicou como os jornais de inspiração cristã ajudaram, e muito, a literacia do povo do século XIX, e apelou à criatividade da Igreja dizendo que ela deve despertar para um mundo em profunda e rápida mudança. No que toca à comunicação, sugeriu-lhe duas possíveis vias de ação: deve abrir o âmbito dos leitores ou consolidar as convicções dos que já o são. Finalmente lamentou que os sacerdotes não tenham formação em comunicação nos seminários, uma formação que os preparasse para lidar com a imprensa e os ensinasse a intervir no espaço mediático, concluiu.
O X Congresso da aIC, que decorre no Convento dos Capuchos, continua este sábado, 28, com uma reflexão sobre as perspetivas para a imprensa de inspiração cristã e encerra com uma sessão comemorativa dos 25 anos da aIC, que este ano se assinalam.