Substituição das leis ucranianas pelas russas está a afetar dezenas de milhares de pessoas e a contribuir para a degradação dos direitos humanos. Quem não for russo, nem sequer tem direito a ter propriedades agrícolas
Substituição das leis ucranianas pelas russas está a afetar dezenas de milhares de pessoas e a contribuir para a degradação dos direitos humanos. Quem não for russo, nem sequer tem direito a ter propriedades agrícolas Um relatório do alto Comissariado dos Direitos Humanos das Nações Unidas, apresentado em Genebra, na Suíça, alerta para a degradação social na Crimeia e para as graves violações cometidas por agentes estatais da Rússia, desde que foi imposta a cidadania russa naquela região. De acordo com o documento, os residentes foram afetados pela substituição das leis ucranianas por leis russas, com violações sucessivas de direitos humanos, como prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, maus-tratos e tortura. Foram, inclusive, recolhidos relatos de funcionários públicos obrigados a renunciar ao passaporte ucraniano, sob pena de perderem o emprego. Os moradores que não cumpriam com os novos critérios passaram a ser considerados estrangeiros e quem não detém a nacionalidade russa, por exemplo, não pode ter propriedades agrícolas, votar ou ser votado. Passou a ser também muito difícil registar instituições religiosas ou promover reuniões públicas. a imposição de uma nacionalidade russa pode ser vista como obrigar os cidadãos a jurar lealdade ao poder, que muitos deles consideram hostil e ilegal com base na Quarta Convenção de Genebra, afirma o alto comissário de direitos humanos da ONU, Zeid al Hussein, sublinhando que a falta de cidadania russa tem um grande impacto na vida das pessoas. Tendo em conta o atual contexto, os autores do relatório da ONU sugerem uma investigação às alegações de tortura, sequestros e assassinatos envolvendo forças de segurança e as de autodefesa da Crimeia, e deixam duas dezenas de recomendações ao governo da Rússia, entre elas o respeito pelas obrigações que têm como um poder de ocupação.