Tem 68 anos, está em Moçambique há quase três décadas e é para lá que vai voltar assim que resolver uns problemas de saúde em Portugal. a irmã Maria de Freitas tem dedicado a sua vida às vítimas da guerra e às crianças que ficam órfãs
Tem 68 anos, está em Moçambique há quase três décadas e é para lá que vai voltar assim que resolver uns problemas de saúde em Portugal. a irmã Maria de Freitas tem dedicado a sua vida às vítimas da guerra e às crianças que ficam órfãsatualmente em Portugal para tratar problemas de saúde, a madeirense Maria de Freitas, de 68 anos, regressará assim que for possível a Moçambique, onde está há 28 anos. Lá começou por ajudar as pessoas que fugiam da guerra, e depois ajudou a erguer um orfanato, cuidando de muitas crianças da melhor forma que conseguia.

acolhíamos deslocados de guerra vindos de países vizinhos como o Malawi, Zimbabué e Zâmbia. ajudávamo-los a tratar de documentos.como enfermeira, ajudava na medicação e com a alimentação. Tudo isto em tendas que nos eram fornecidas pela Cáritas, onde até partos se faziam. Foi um período muito difícil e bastante exigente, contou a religiosa da Congregação Missionária Irmãs São José de Cluny.

Depois da ajuda aos deslocados, a irmã Maria de Freitas e restantes religiosas da mesma congregação, dedicaram-se às crianças órfãs. abrimos uma obra destinada ao atendimento e acolhimento de crianças órfãs.começámos com seis crianças e um ano depois a casa já estava cheia com 55 crianças, que num dia tivemos de evacuar porque o rio Zambeze transbordou devido às fortes chuvas.

O que seguiu foram instalações provisórias e sem condições. a nossa cozinha chegou a ficar debaixo da torre de uma igreja, sujeita a chuvas e a ventos. Ficámos assim quatro meses, recorda a missionária. Mas dias melhores chegaram alegrando as irmãs e as suas crianças. Mais tarde conseguimos arranjar um terreno, numa área mais segura, mais dificilmente afetada pelas cheias, onde construímos uma grande obra para 130 crianças, com a ajuda da congregação e de pessoas de boa vontade. Esta obra é o Centro São José, um orfanato que se destina ao acolhimento e atendimento de crianças orfãs, explicou a religiosa.
Todas as crianças que por lá passaram, estão bem contadas pela irmã Maria. Já beneficiaram da nossa presença, dedicação e dos nossos cuidados 267 crianças. alguns deles são hoje professores, engenheiros mecânicos, trabalham na construção civil, em empresas e em outros locais, apontou.

No entanto, manter em funcionamento uma estrutura como esta é uma missão complicada. Faltam os meios para manter estas obras sociais que precisam de muito apoio para comprar material escolar, pagar consultas, medicamentos e o trabalho das funcionárias. as mulheres que prestam serviço às crianças precisam também de ter o seu pão para partilhar com os seus filhos nas suas palhotas, demonstra a religiosa.

Em Moçambique desde o início do mês de fevereiro de 1989, Maria de Freitas consegue traçar um panorama de tudo o que tem observado. as dificuldades ainda são muitas. ainda falta muito a Moçambique para crescer. Por mais que a gente se dedique e procure desenvolver estas obras sociais com dedicação e entrega, África nunca vai ser igual à Europa. Mesmo que eu fique lá até ser velhinha, e se dedicar toda a minha vida ao país, há um abismo de diferença, no aspeto cultural e social que marcará a sua diferença. África marcará sempre a sua diferença em relação à Europa.

ao país onde regressará assim que a sua saúde o permitir, a missionária elogia a capacidade de partilhar da população. É um povo que com o pouco que tem sabe partilhar. É bastante solidário. Se às vezes se compra uma porção de bananas, e que não dá para todos, automaticamente, as crianças partem sem que ninguém lhes peça, contou a religiosa, em declarações à Fátima Missionária. a irmã Maria de Freitas está a aproveitar a sua breve estadia em Portugal para frequentar o Curso de Missiologia, que decorre em Fátima ao longo desta semana. a formação é uma oportunidade para aprofundar conhecimentos e partilhar experiências de missão.