a semana finda fica marcada pela tragédia dos fogos. Os incêndios começaram em Pedrogão Grande e estenderam-se a outros concelhos. Perderam-se vidas e bens, mas a solidariedade está a funcionar em favor das vítimas
a semana finda fica marcada pela tragédia dos fogos. Os incêndios começaram em Pedrogão Grande e estenderam-se a outros concelhos. Perderam-se vidas e bens, mas a solidariedade está a funcionar em favor das vítimasPerante este sinistro de tão grande dimensão, é de recordar que se perderam 64 vidas, ocorreram mais de 200 feridos (alguns em estado grave) e ficou queimada uma área superior a 50 hectares, especialmente de floresta. É um caso para reflectir seriamente!
Estamos a falar de incêndios que se verificam todos os anos, umas vezes com mais consequências, outras com consequênciasmenos irrelevantes. Os acontecimentos que tiveram origem em Pedrogão Grande parecem ter omissões graves em várias vertentes, para além da sua origem. Certamente que saberemos isso a seu tempo. a verdade é que foi uma semana dolorosa para quantos os viveram.

Foi notória a incapacidade dos responsáveis, não dos bombeiros que esses são quase sempre dos mais sacrificados e mal pagos, em superar a contingência por falta de meios, nomeadamente operacionais. Falhas de comunicação (SIRESP, uma operadora da Rede Nacional de Emergência e Segurança, uma parceria público-privada, agora envolta em polémica e cujo custo já supera os 485ME). Esta operadora é essencial, dado que envolve todas as forças que estão no teatro de operaçõesTendo em conta que a maior parte das mortes (47) aconteceram numa via que estava a ser alternativa à IC8, suspeita-se que houve negligência ou omissão das forças em presença.

Dadas as circunstâncias é oportuno começar a questionar o porquê destas situações. Em primeiro lugar é preciso perguntar: há as necessárias condições de segurança para que os incêndios não sejam uma praga todos os anos? Por muita boa vontade que tivéssemos em responder afirmativamente, somos forçados a reconhecer que o Governo não tem zelado como devia pelo território, nem pelas populações. Durante os acontecimentos que ocorreram muito se disse, acabando por chegar-se a uma conclusão simples: o rei vai nu, mas quem se queima são os portugueses. Há falta de leis adequadas, especialmente em prevenção, mas também no reordenamento florestal e outros sectores que poderiam ajudar para que as pessoas e o país não fossem tão afectados.

Se o Estado cumprisse as suas obrigações enquanto gestor da coisa pública, certamente que não estaríamos agora a lamentar as consequências terríveis para populações, empresas, floresta, vias e outros. além disso, também não seria necessário gastar tanto dinheiro em indemnizações, reconstruções, apoios de vária ordem (e que serão sempre inferiores aos prejuízos causados).
E é aqui que surge a solidariedade das pessoas anónimas assim como de instituições. ainda durante os acontecimentos a Igreja chegou-se de imediato à frente, através da hierarquia, instituições, misericórdias (a Cáritas Portuguesa foi das primeiras a disponibilizarem apoio substancial). De louvar o número de pessoas que se voluntariaram de diversas formas para apoiar as populações, isso demonstra que os portugueses são solidários até ao limite.