Um estudo mundial conduzido pela Global Home Index sobre o nosso país revela que as mulheres trabalham, em média, em casa, 18 horas por semana e os homens 13. é a diferença entre sexos mais baixa a nível internacional
Um estudo mundial conduzido pela Global Home Index sobre o nosso país revela que as mulheres trabalham, em média, em casa, 18 horas por semana e os homens 13. é a diferença entre sexos mais baixa a nível internacional
O estudo preliminar foi apresentado no dia 2 de Junho passado, em Lisboa. Patricia Debeljuh, a responsável, afirma que o trabalho doméstico é como o ar: quando falta o ar é que damos conta que existe. O mesmo se passa em casa. Quando falta algo, pode ser no frigorífico, ou o lixo que não foi tirado, alguém dá conta. Quando tudo funciona, parece normal que assim seja.
as mulheres portuguesas trabalham em casa mais seis horas por semana em média do que os homens. É uma das conclusões do Global Home Index sobre o nosso país. Mas 90% acha que a sociedade valoriza menos o trabalho em casa do que o profissional e 80% afirma mesmo que a vida profissional dificulta dar atenção necessária à família e à casa.

a investigadora sublinha a importância da família e do lar para as pessoas e para a sociedade: Somos primeiro do que temos. O verdadeiro valor está no que somos. Globalmente, as mulheres dedicam entre 14 e 26 horas, por semana, ao lar, enquanto os homens dedicam entre 6 e 16 horas. Uma esmagadora maioria, 76% considera que a sociedade valoriza mais o sucesso profissional do que a família. apesar de mais de 80% de homens e mulheres considerarem importante o trabalho em casa e 60% considerarem que ajuda a desenvolver competências de outras áreas, apenas 20% partilham tarefas com os outros membros da família.

Francisco Vilhena da Cunha, vice-presidente da associação Portuguesa de Famílias Numerosas, apresentou os dados nacionais. Houve 865 respostas, 70% de mulheres. Mais de 90% dos inquiridos considera que a vida em família desenvolve competências úteis para outras vertentes da vida. Quanto às actividades em família feitas em casa, 90% faz as refeições em família, mas as mulheres cozinham mais do que os homens.
Na distribuição de tarefas, as mulheres estão mais envolvidas na arrumação, limpeza, organização e compras e os homens na manutenção da casa. a percentagem de famílias com distribuição de tarefas é muito superior ao global do estudo. Em Portugal, 65% distribui pelos membros o que há para fazer.

De salientar que a investigação partiu de entrevistas a 50 especialistas de várias áreas e de 37 países. Todos diziam que lhes faltava tempo. Queríamos fazer pensar as pessoas. Falta-nos tempo na sociedade de hoje até para pensar. Vivemos numa sociedade em que o ritmo de vida nos leva a nem sequer pensar para onde vamos, afirma Patricia Debeljuh.
O objectivo era perceber o que fazem as pessoas em casa e como percebem o tempo que dedicam ao seu lar. as tarefas de casa são invisíveis, não entram nas contas públicas de nenhum país e são pouco valorizadas, refere a investigadora. assim, outro dos objectivos era a revalorização social do trabalho doméstico, através de políticas públicas mais amigas das famílias. Façamos votos para que as conclusões deste estudo ajudem quer as instituições ligadas à família, quer o comum das pessoas, a compreender a verdadeira dimensão do trabalho de uma mulher em casa, pois raramente é reconhecido.