Os apoios do Fundo Europeu de auxí­lio às Pessoas Mais Carenciadas não estão a ser entregues às instituições de solidariedade social. O governo tinha prometido 30 milhões de euros em géneros alimentares para distribuição
Os apoios do Fundo Europeu de auxí­lio às Pessoas Mais Carenciadas não estão a ser entregues às instituições de solidariedade social. O governo tinha prometido 30 milhões de euros em géneros alimentares para distribuiçãoapesar de o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José antónio Vieira da Silva, afirmar que Portugal é um país com demasiada pobreza, uma situação que é urgente mudar, na prática algo está a falhar. Os apoios do Fundo Europeu de auxílio às Pessoas Mais Carenciadas (FEaC) não estão a ser entregues às instituições de solidariedade social, segundo refere o Jornal de Notícias de sexta-feira passada.
Os alimentos que chegam dos bancos alimentares são para o consumo das instituições, refere ao JN Lino Maia, porta-voz da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade. O responsável do organismo considera que esse é o principal motivo pelo qual é ainda mais importante que o material vindo do FEaC seja devidamente distribuído. ainda assim, Lino Maia elogia o programa das cantinas sociais, que está a funcionar normalmente.
Isabel Jonet, presidente do Banco alimentar Contra a Fome, afirma: Neste momento, as IPSS estão a fazer distribuição às famílias a partir daquilo que lhes chega dos bancos alimentares ou dos donativos que chegam. Ou seja, não há ajuda pública alimentar.

Tal como aconteceu em 2016, o FEaCnão está a ser cumprido e a promessa do governo em Janeiro, de que haveria 30 milhões de euros em géneros alimentares para distribuição ainda não foi executada. O actual governo perdeu 28 milhões de euros em alimentos do FEaC em 2016, porque não pôs em funcionamento o programa, que foi implementado há dois anos e que em 2015 ajudou cerca de 400 mil portugueses.
O Fundo Europeu não foi executado pelos governos nos últimos três anos, disse ao JN o secretário-geral da Federação Portuguesa de Bancos alimentares. a fome não espera, alertou. Parece inacreditável que em três anos não tenhamos conseguido executar o programa, lamentou, em declarações ao jornal Manuel Paisana, secretário-geral da Federação Portuguesa de Bancos alimentares. Na realidade o que está a acontecer é a repetição da inércia governamental que se verificou anteriormente. E isso é grave, dadas as consequências e o impacto negativo que daí advêm.

Recordamos que, de acordo com os dados existentes do Eurostat, há 26,6% da população portuguesa que está em risco de pobreza ou exclusão social. O nosso país encontra-se acima da média europeia de 23,7%, sendo o décimo país com o pior registo entre os 28 Estados-membros. O dado é relativo a 2015 e, em comparação com os dados pré-crise de 2008, a percentagem só é superior em seis décimas.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem apelado com insistência para que o governo tente um equilíbrio entre o rigor orçamental e a necessidade de políticas sociais, nomeadamente o combate à pobreza. Contudo, o que nós verificamos é a ausência de uma estratégia real e consistente voltada para os mais carenciados. Este segmento da nossa sociedade tem sido utilizado pelos partidos políticos e pelo governo para os seus fins políticos e não para a resolução assertiva das suas dificuldades. Prometem muito, mas cumprem pouco.