O projeto para construção de uma nova estrada na fronteira entre o Brasil e o Peru é contestado por vários organizações de defesa dos povos indígenas, pela ameaça que representa para as comunidades locais
O projeto para construção de uma nova estrada na fronteira entre o Brasil e o Peru é contestado por vários organizações de defesa dos povos indígenas, pela ameaça que representa para as comunidades locais O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) juntou-se esta semana a duas associações peruanas de defesa do ambiente e dos povos indígenas na luta contra a construção da estrada Puerto Esperanza-Inapari, junto à fronteira do Brasil (estado do acre) com o Peru (Madre Dios). Caso seja construída, a estrada trará graves impactos socioambientais sobre os povos indígenas e seus territórios situados em ambos os lados da fronteira, e representa uma ameaça para a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas isolados (os mais vulneráveis) cujo traçado projetado corta seu território tradicional transnacional, ocupado de forma milenar, antes da constituição dos Estados do Brasil e do Peru, refere o CIMI em comunicado. Segundo os ativistas, esta região de fronteira é onde fica grande quantidade de madeira nobre, como o mogno e o cedro. E a experiência na amazónia mostra que no rasto das estradas que cortam a floresta vem o desmatamento ilegal, a contaminação de rios por causa da mineração e do garimpo, o aumento da colonização e dos conflitos fundiários, e a criação de novas rotas de narcotráfico que incidem sobre territórios de indígenas em isolamento voluntário e o tráfico humano. assim, e à luz do direito internacional, as associações apelam aos países da ONU para que tenham em conta a realidade indígena transfronteiriça, reconhecendo multilateralmente os direitos ao território, fundamentalmente para a sobrevivência física e cultural destes povos. Cabe à sociedade civil e às organizações indígenas dos países envolvidos, de modo bilateral, vigiar e pressionar os estados envolvidos para que reconheçam, demarquem e protejam os povos isolados e seus territórios transfronteiriços, adiantam.