Pontifício Colégio Português de Roma recebe o título «Casa de Vida» da Fundação Raoul Wallenberg, em reconhecimento pela ação do padre Joaquim Carreira, que salvou cerca de meia centenas de refugiados no colégio
Pontifício Colégio Português de Roma recebe o título «Casa de Vida» da Fundação Raoul Wallenberg, em reconhecimento pela ação do padre Joaquim Carreira, que salvou cerca de meia centenas de refugiados no colégioTerça-feira, dia 30 de Maio, a Fundação Raoul Wallenberg atribuirá ao Pontifício Colégio Português, de Roma, o título Casa de Vida, pelo acolhimento dado aos judeus e outros pessoas perseguidas pelo regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial. a concessão deste título fica a dever-se à ação do padre Joaquim Carreira que, entre setembro de 1943 e junho de 1944, coincidindo com a ocupação nazi de Roma, acolheu no Colégio cerca de meia centena de pessoas, arriscando a sua própria vida. Entre as pessoas acolhidas, havia judeus, socialistas, resistentes antifascistas e outros cidadãos italianos que se opunham ao nazi-fascismo. O prémio será entregue durante uma cerimónia que terá lugar no final da tarde desta terça-feira, no Pontifício Colégio Português, a casa onde ficam alojados os padres portugueses que estudam em Roma. Contará com a presença de representantes da Fundação Wallenberg, do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, cardeal-patriarca Manuel Clemente, da presidente da Comunidade Hebraica de Roma, de Luigi Priolo (um dos refugiados no Colégio, entre 1943-44) e do jornalista antónio Marujo (que deu a conhecer a relatório do padre Joaquim Carreira onde constava a lista de refugiados). Estará também presente o padre João Carreira Mónico, sobrinho e biógrafo do seu tio. Por causa da sua ação, Joaquim Carreira foi declarado, há pouco mais de dois anos, Justo entre as Nações, pelo Yad Vashem, o Instituto para a Memória do Holocausto, de Jerusalém – o mesmo título dado ao cônsul aristides Sousa Mendes, que salvou milhares de pessoas em Bordéus, através da concessão de vistos, contrariando as ordens de Salazar. a Fundação Wallenberg pretende, no seguimento da ação do seu fundador, Baruch Baruch Tenembaum – diplomata sueco que salvou um grande número de pessoas na Segunda Guerra Mundial -, preservar a memória de pessoas e instituições que deram acolhimento aos perseguidos durante o Holocausto, procurando infundir nas novas gerações o espírito de solidariedade e fraternidade. Joaquim Carreira (1908-1981) era natural de Leiria mas trabalhou em Roma durante grande parte da sua vida de padre. De acordo com a investigação de antónio Marujo, publicada em a Lista do Padre Carreira (editora Vogais), o padre Carreira salvou ainda um grande grupo de mulheres e crianças, que distribuiu por várias casas religiosas de Roma. No total, terão sido perto de 200 as pessoas salvas pela sua ação.