as notícias sobre os graves problemas económicos, políticos e sociais que nos chegam diariamente da Venezuela, são reveladoras da situação dramática vivida atualmente neste país da américa do Sul, onde há aproximadamente meio milhão de portugueses
as notícias sobre os graves problemas económicos, políticos e sociais que nos chegam diariamente da Venezuela, são reveladoras da situação dramática vivida atualmente neste país da américa do Sul, onde há aproximadamente meio milhão de portuguesesO peso da emigração portuguesa na Venezuela remonta aos anos 40, prolongando-se até aos anos 80, motivada principalmente pela fuga à pobreza e pela procura de melhores condições de vida. Inicialmente, os portugueses na Venezuela dedicavam-se sobretudo à agricultura, no entanto a partir da segunda metade do século XX, a grande maioria, maioritariamente oriunda da Madeira, passou a dedicar-se ao comércio de produtos alimentares, como padarias, pequenas mercearias, lugares de venda de sandes e sumos, e inclusivamente à pequena e média indústria, especialmente no setor das manufaturas. Perfeitamente integrados na sociedade venezuelana, os emigrantes portugueses, segunda maior comunidade lusa na américa Latina, a seguir ao Brasil, são um elo fundamental do processo de desenvolvimento da pátria de Simón Bolívar, assumindo-se hoje os seus negócios e empresas como uma referência, mas também como um alvo de pilhagens e roubos muitas das vezes manchados de sangue. a situação tem-se agravado nos últimos meses, e a tensão pela falta de bens essenciais, no contexto de uma profunda crise económica e política, tem gerado violentos protestos e confrontos que já fizeram dezenas de mortos e feridos, assim como inúmeros assaltos a supermercados e lojas. Num país marcado por uma das taxas de homicídio mais altas do mundo, e pela inexistência de medicamentos em farmácias e hospitais, a falta de segurança e o caminho que a Venezuela parece seguir em direção ao abismo, estão a levar muitos emigrantes a ponderar ou mesmo a partir para Portugal, sendo já notório que há cada vez mais emigrantes a regressar à Madeira. Não é por acaso que o governo português assumiu publicamente possuir um plano de contingência para a comunidade portuguesa na Venezuela. Os sinais são cada vez mais demonstrativos do drama por que passam esses nossos compatriotas, pelo que a sociedade portuguesa em geral, e a madeirense, em particular, tem que se preparar e unir esforços, em nome da solidariedade nacional, para a eventualidade de ter que receber as centenas de milhares de portugueses que vivem e trabalham na Venezuela.