Gabriela não tinha quase nada. aos 40 anos perdera tudo o que pensava ser estabilidade. Sentiu-se sem direção
Gabriela não tinha quase nada. aos 40 anos perdera tudo o que pensava ser estabilidade. Sentiu-se sem direção- Manuela, ligo-te porque quero um presente teu. E não aceito recusa. – Presente? aconteceu alguma coisa?- aconteceu, sim: na próxima semana faço aninhos. E faço questão de festejar! Como és uma amiga de peso, preciso de ti a cantar comigo!Seguiram-se outros telefonemas, a todos os seusimportantes. Gabriela tinha tantos motivos para celebrar a vida, celebrar os filhos, agradecer aos amigos, marcar um tempo novo.começar de novo!- Mãe, já viste que não paras de rodopiar? Pareces um pião! – reparou Inês, divertida. – Pião, Inês? Bailarina, isso sim! Ora aprecia! – E Gabriela, divertida, acelerava ainda mais as voltas sobre si própria. O dia 14 de março chegou. Gabriela parecia uma menina à espera do Pai Natal. Pela primeira vez celebraria o seu aniversário sem precisar de esconder a sua alegria, podia partilhá-la com amigos, rir à descarada, e, sobretudo, podia ser ela mesma, Gabriela. Por tudo isso, a felicidade enchia-lhe o peito. Era como se levitasse. Estava tudo lindo: uma toalha especial oferecida pela mãe e sobre a toalha um bouquet’ de flores oferecido pelos filhos. No centro, o bolo feito por ela com a ajuda dos filhos, enfeitado com a sua flor preferida: amores-perfeitos. E o champanhe para fazer Pum!. Hoje, era só isto que Gabriela tinha para oferecer aos amigos: um bolo, champanhe e risos. E uma prenda especial! Durante semanas, Gabriela juntou folhinhas multicolores em blocos arco-íris, um para cada amigo. E não esqueceu os filhos, claro. Em todas as folhas desenhou a sua flor preferida: amor-perfeito. Foram centenas de amores-perfeitos. Na primeira página de cada bloco, escreveu: Regista e confia ao dono do arco-íris os momentos especiais vividos, mesmo e sobretudo aqueles que são tão pequeninos que quase não se repara. Este era o seu jeito de agradecer às pessoas que lhe fizeram bem, mesmo sem o saberem. Os amigos foram chegando e admirando. admiravam a coragem desta amiga e o valor que ela atribuía à amizade. Bastava isso para a ver feliz e Gabriela feliz enchia o ar de risos e alegria. Gabriela não tinha quase nada. aos 40 anos perdera tudo o que pensava ser estabilidade. Sentiu-se sem direção. Mas, a partir de então passou a ser rica, dizia ela: tinha dois filhos a quem amava e novas prioridades. Em cada sítio por onde passava, descobria o que as pessoas lhe davam de bom, e foi preenchendo o seu olhar de respeito e agradecimento. Deixou-se renascer!Encontrou dentro de si e nos filhos a força da construção de coisas simples, tão simples que antes nem valor dava. a festa estava no fim. Gabriela sentia-se realizada. Tinha amigos que desejavam celebrar com ela a vida. Chegou o momento surpresa. Emocionada, destapou um cesto com um imenso laço e anunciou: tenho um pequeno obrigado para vos dizer quanto bem me fizeram.com esta prendinha, a que chamei o arco-íris dentro de ti, quero partilhar este meu sonho convosco: que seja o amor perfeito a meta para onde corremos. as palmas foram a resposta, e Gabriela, mais uma vez, sentiu que a realização estava nestas pequenas trocas de vida no amor.