Há uma boa relação entre os cristãos e os muçulmanos que não são extremistas. O problema são os que são doutrinados pelo al-Shabab ou outros grupos e que tentam demonstrar que não há uma boa relação entre cristãos e muçulmanos
Há uma boa relação entre os cristãos e os muçulmanos que não são extremistas. O problema são os que são doutrinados pelo al-Shabab ou outros grupos e que tentam demonstrar que não há uma boa relação entre cristãos e muçulmanosPaul Kariuki Njiru, bispo de Embu, no Quénia, é um pastor que gosta de estar próximo das suas ovelhas’. Faz questão de visitar cada um dos 442 núcleos que compõem a sua diocese, onde insiste sempre na importância do trabalho que deve ser feito pelas famílias, para uma verdadeira vivência da fé cristãO mundo vive neste momento um movimento migratório sem precedentes, com milhares de pessoas a fugirem de África e do Médio Oriente em direção à Europa.como encara este fenómeno? a primeira coisa a fazer é pensar na origem deste problema, que, de alguma forma, está relacionado com a instabilidade política.como não há estabilidade, as pessoas estão a viajar para outros países onde possam encontrar segurança. Veja-se o caso da Líbia. Nos tempos de Kadafi, estava bem economicamente, mas depois do que aconteceu, sente-se a falta de estabilidade política. O mesmo está a acontecer, por exemplo, no Congo. Portanto, a melhor solução é tentar dar apoio a esses países e encontrar uma forma para que possam ser estáveis politicamente, resolvendo assim muitos dos problemas da imigração. Uma das primeiras medidas do novo Presidente dos Estados Unidos da américa, Donald Trump, foi proibir a entrada no país de imigrantes de sete países de maioria muçulmana. Embora o Quénia não seja um desses países, pode vir a ser afetado indiretamente com esta nova política migratória?O Quénia vai precisar sempre de manter uma boa relação com os Estados Unidos da américa, especialmente na luta contra o terrorismo, pois é muito caro suportar os militares a combater contra o al-Shabab. Quanto à questão dos migrantes, esperamos que a situação mude, pois os americanos também estão por todo lado. Então, se Trump insistir nestas políticas, os americanos que estão no Quénia e em outros países podem vir a sofrer. ainda há muita influência do al-Shabab no Quénia? a situação continua difícil na relação do país com o grupo al-Shabab, que tem grande apoio da al-Qaeda. Já tivemos três momentos de ataques graves. O primeiro foi num supermercado, em Nairobi, depois em Garissa, onde morreram mais de 140 estudantes universitários. O terceiro está relacionado com os muitos soldados quenianos que estão a combater este grupo terrorista na Somália e que também morreram.como é a relação entre cristãos e muçulmanos na sua diocese?Há uma boa relação entre os cristãos e os muçulmanos que não são extremistas. O problema são os que são doutrinados pelo al-Shabab ou outros grupos e que tentam demonstrar que não há uma boa relação entre cristãos e muçulmanos. Recordo, por exemplo, um caso que aconteceu quando um grupo armado mandou parar um autocarro e queria matar os cristãos. E foi um muçulmano que saiu e disse que todos eram irmãos, não havia cristãos nem muçulmanos. a Europa enfrenta uma crise de vocações, ao contrário do que acontece em África. Depois da evangelização europeia em território africano, chegou o momento de uma evangelização africana em território europeu? a Igreja, por natureza, é missionária. E cada um tem que fazer o que lhe compete. antes foi a primeira evangelização, agora pode ser uma nova evangelização. É verdade que muitos missionários foram evangelizar África. Neste momento, que há falta de vocações na Europa, a Igreja, que é universal, pode investir nos africanos que foram evangelizados para ajudarem a evangelizar na Europa. O importante é haver uma boa preparação. Porque antes, os missionários que iam para África preparavam-se bem para o que iam fazer. agora, os que partem de lá, para virem para a Europa, também precisam de se preparar bem. E é preciso não esquecer que o trabalho deve começar nas famílias, porque se a família está bem fundada na fé cristã, as vocações podem nascer.