Relatório anual da Comissão Pastoral da Terra regista um recorde de violações dos direitos indígenas, desde que foi iniciada a recolha de dados em 1985. O ano passado, foram mortas 61 pessoas no Brasil por causa dos conflitos pela terra
Relatório anual da Comissão Pastoral da Terra regista um recorde de violações dos direitos indígenas, desde que foi iniciada a recolha de dados em 1985. O ano passado, foram mortas 61 pessoas no Brasil por causa dos conflitos pela terra Uma média de quatro ocorrências por dia, relacionadas com os conflitos pela posse de terra no Brasil, provocaram o ano passado 61 vítimas mortais, um número superior em 22 por cento ao registado no ano anterior, revela o relatório Conflitos no Campo Brasil 2016, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). além dos assassinatos, o estudo identificou 74 tentativas de homicídio, 200 ameaças de morte, 571 agressões e 228 prisões, a que se somam 172 conflitos pela água e 69 violações em contexto laboral. No total, foram registados 1. 295 casos de conflito. Para o presidente da CPT, Enemésio Lazzaris, bispo de Balsas, o que se está a passar é o resquício de um passado colonizador. São quatro sombras que escurecem o Brasil. a primeira é modelo colonial, que dá origem a violência que enfrentamos hoje. a segunda foi o genocídio indígena, que eram mais de quatro milhões. a escravidão, somada a essas sombras, gerou a discriminação cultural. a quarta sombra, que explica grande parte da violência do campo, é a Lei de Terras do Brasil, que faz com que os pobres sejam entregues ao arbítrio do grande latifúndio, diz o prelado. antónio Canuto, membro fundador da CPT, adianta também que o aumento do número de violações de direito dos trabalhadores do campo corresponde à desagregação das instituições fiscalizadoras. O ano de 2016 é um ano especialmente violento devido ao corte de recursos de instituições por parte do governo, como a FUNaI e o INCRa. O desmonte dessas instituições impedem ações efetivas, denuncia o responsável.