Durante vários dias o desporto e a aventura, apoiados em meios sofisticados e dispendiosos, vão encarar com a miséria e a fome de várias populações de África.
Durante vários dias o desporto e a aventura, apoiados em meios sofisticados e dispendiosos, vão encarar com a miséria e a fome de várias populações de África. a 28º edição da prova mais emblemática de todo-o-terreno arrancou, no último dia de 2005, de Lisboa rumo a Dakar, no Senegal. Muito badalado, o rali suscitou enorme interesse e entusiasmo junto do público. a aventura e o mistério das areias do deserto atraiem as pessoas. Trata-se de um investimento com um retorno financeiro compensador, diz-se.
São argumentos a favor da realização de um desporto muito caro e dispendioso, que conta uma estrutura de apoio, equipada com as mais modernas invenções da tecnologia, desde aviões, helicópteros, GPS (sistema de navegação assistida pró satélite) e muitas outras ajudas.
Deve garantir-se às pessoas todo o acompanhamento, apoio e assistência numa prova tão difícil. Sem dúvida. Porém, não deixa de ser uma afronta às populações e países que o rali atravessa.
Pessoas que vivem na miséria, sem o mínimo de condições para uma vida humana digna vêem-se invadidas por esta caravana que ostenta uma gritante desigualdade de meios, deixando atrás de si um rasto de poluição, sem qualquer vantagem para essas populações. até quando uma parte rica da humanidade pode continuar a gastar e a esbanjar, enquanto dois terços da humanidade vivem abaixo da linha de pobreza?