«O Senhor ungiu os meus olhos, eu fui lavar-me, comecei a ver e acreditei em Deus» (antí­fona da Comunhão da Missa deste domingo)
«O Senhor ungiu os meus olhos, eu fui lavar-me, comecei a ver e acreditei em Deus» (antí­fona da Comunhão da Missa deste domingo) Que maravilha a capacidade de ver! Os olhos são as lentes do coração, o que por eles entra vai morar no coração e fixa-se na memória. E depois, os olhos tornam-se também espelho do coração, mostram aquilo que se passa no nosso íntimo. assim o explica uma quadra popular: O coração e os olhos, são dois amigos leais; quando o coração tem penas, logo os olhos dão sinais. E a cegueira diminui muito a capacidade de armazenar dentro de nós imagens que tanto ajudam e coloram a nossa vida. O facto narrado no Evangelho deste quarto Domingo da Quaresma mostra-nos um senhor que era cego de nascença. Teve a sorte que Jesus ao passar e vê-lo cego, parou, fez uma espécie de cerimónia litúrgica, e o mandou ir lavar-se na piscina de Siloé em Jerusalém: explica João no seu Evangelho que Siloé quer dizer enviado. Jesus é o “enviado” especial do Pai: “enviado” para trazer à terra a visão plena e verdadeira das pessoas, coisas e acontecimentos na chave da Santíssima Trindade, na maneira que a Trindade Santíssima tem de ver as coisas. Primeiro, Jesus fez lodo do barro da terra misturando-lhe um pouco da sua saliva. Do barro formara Deus o homem no princípio. Para bem compreendermos, é em vasos de barro que nós trazemos dentro de nós a imagem de Deus que nos é mostrada no Senhor Jesus Cristo (cf. 2 Cor 4,6-7). ao barro Jesus mistura um poco da sua saliva: Na antiguidade, a saliva era considerada como possuindo poderes curativos. De facto a saliva contém uma substância que protege de vírus e de bactérias perniciosas para o nosso sistema respiratório e digestivo. No barro Jesus coloca os seus poderes divinos curativos por meio da sua saliva, para bem do cego de nascença. Mais tarde Jesus revela a este cego que ele, Jesus, é o Filho do Homem, fonte de salvação. E o cego curado proclama: Sim, Senhor, eu creio – que tu és o Filho do Homem. Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica: Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, sua esposa, mediante os quais nos é concedida a vida divina (n. 224). Cada sacramento dá ao indivíduo que o recebe uma visão diferente da vida, e é ao mesmo tempo meio de preparação para a vida eterna na comunidade do céu. O sacramento opera por si próprio, mas a colaboração de quem o recebe pode aumentar muito a maneira de viver essa graça, ou presença, do Senhor em nós. O Filho do Homem é Jesus Cristo, Deus humilhado na nossa condição mortal, ele que depois da sua morte ressuscitou e vive de pé à direita de Deus (atos 7,56). Jesus que confessamos e adoramos como Deus de Deus e luz da luz (Credo, símbolo de Niceia): é esta a confissão fundamental da fé cristã.