«Enquanto Jesus orava, o aspeto do seu rosto modificou-se, e as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. E dois homens conversavam com Ele: Moisés e Elias»

«Enquanto Jesus orava, o aspeto do seu rosto modificou-se, e as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. E dois homens conversavam com Ele: Moisés e Elias»
Jesus Cristo é o Filho Unigénito de Deus, Deus de Deus. Sendo de condição divina esvaziou-se a si próprio e tornou-se semelhante aos homens (Filipenses 2,5-7) para que a humanidade pudesse compreender a infinidade do amor que Deus tem a cada um de nós. Mas a três dos seus discípulos, Pedro, Tiago e João, Jesus, no momento da sua transfiguração, por escassos momentos levantou o véu que encobria a sua divindade. Pedro descreveria mais tarde na sua segunda carta aos cristãos o que vira, dizendo: Ouviu-se a voz do Pai que dizia: este é o meu Filho muito amado, em quem eu pus o meu encanto (1a Pedro 1,17). É muito educativo que Lucas nos diga que isso aconteceu enquanto Jesus orava (Lucas 9,20). Desde que o primeiro nascido de mulher, Caim, assassinou o seu irmão por inveja, porque os bons sacrifícios de abel eram gratos ao Senhor Deus, enquanto as ofertas de Caim pouco ou nenhum valor tinham, a ordem natural de valores passa necessariamente por um relacionamento sério com o Criador. Sem oração verdadeira, a inclinação do homem fica-se normalmente pela ordem do egoísmo, pois só Deus conhece perfeitamente cada uma das suas criaturas, e a elas dá o seu sentido de humildade ativa. ao lado de Jesus durante a sua transfiguração apareceram Moisés e Elias, representantes da lei e dos profetas. Quer dizer que toda a História tem de se referir a Cristo para que tudo corra na ordem da verdade e da caridade – basta pensarmos no que aconteceu nos últimos séculos da História por determinação de indivíduos que se consideravam superiores a todos, Deus incluído. E mesmo na Igreja há por vezes altos elementos que sucumbem à tentação de se colocarem fora dos ensinamentos do Filho de Deus, mudando o imutável: as doutrinas daquele Cristo que é chamado e é a “sabedoria de Deus”. Pactuar com o mundo nunca foi, nem podia ser, parte do comportamento de Cristo, que disse: Se alguém violar um destes preceitos mesmo os mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu (Mateus 5,19). Passados os momentos da transfiguração, Jesus e os três apóstolos desceram do monte. Também aqui temos um grande ensinamento para nós: não podemos ficar sempre no monte, aconchegados a Jesus. Temos de ir ter com os outros, tantos que precisam da nossa palavra, do nosso encorajamento, da nossa compreensão. Já no batismo nos foi dado o compromisso da missão de levar o conhecimento e o amor de Deus aos outros. Quanta gente que sente o coração vazio ganharia com uma boa palavra ou um gesto da nossa parte, que colocaria a esperança na sua vida. Mas nunca deveríamos esquecer que importa recarregar as nossas pilhas espirituais muitas vezes, senão as nossas palavras vão ser mais palavreado do que outra coisa. Façamos como a Virgem Maria que guardava e meditava no seu coração tudo o que ouvia e acontecia, escutando as sugestões do Espírito Santo que nela habitava.