a paróquia de Rio Caldo homenageou em 1998 o padre Manuel Pires da Silva, descerrando uma placa no baptistério da igreja, lembrando que foi ali que o sacerdote foi baptizado.
a paróquia de Rio Caldo homenageou em 1998 o padre Manuel Pires da Silva, descerrando uma placa no baptistério da igreja, lembrando que foi ali que o sacerdote foi baptizado. Missionário jesuíta, primeiro no Oriente e depois em angola, aqui se manteve o padre Manuel Pires da Silva a trabalhar até 1975, fundando o Movimento aFRIS, a obra dos missionários leigos.
Segundo a biografia elaborada por José Viriato Capela, integrada no livro “Missão em Tempo de Guerra”, o missionário nasceu a 26 de Fevereiro de 1911 em Rio Caldo, filho de Manuel Pires da Silva e de Florinda Rosa de azevedo. «Fez os seus estudos eclesiásticos nos Colégios da Companhia de Jesus, em Espanha e em Portugal, para onde entrou com os seus 8 anos já feitos». «Em 1938 parte para Pangim, Goa, onde continuaria os estudos no Instituto de São Francisco Xavier. Em 1940 inicia o estudo da Teologia em Poona (Índia) e foi ordenado sacerdote em 1943», acrescenta.
Segundo o investigador, entre 1948 e 1958, Manuel Pires da Silva dedica-se a várias tarefas, entre as quais o ensino, vindo depois a exercer o cargo de capelão militar no então chamado Estado Português da Índia.com o agravamento do conflito naquele território e a rendição do governador Vassalo da Silva, o sacerdote, que tinha adoecido seriamente, regressa a Portugal e «licencia-se das Forças armadas».
No entanto, salienta José Viriato Capela, «logo que Salazar convoca “rápido e em força” os portugueses para a defesa de angola ameaçada com o deflagrar da guerra nos primeiros meses do ano de 1961, o padre Pires será dos primeiros a responder ao apelo e a alistar-se como capelão militar, dirigindo-se para a zona militar operacional do Negage, Distrito de Uí­ge (depois Carmona) palco do início dos mais violentos confrontos da guerra, nas paragens do Norte de angola».
«Mas finda tal comissão (1961-1963) e confrontado com o atraso social, material e missionário da região onde serviu primeiro como tenente e depois como capitão nas Forças armadas Portuguesas, logo despiria a farda militar para se dedicar à actividade evangelizadora na região que não conhecera nunca, ou mal conhecera, a acção cristianizadora», acrescenta.
assim, o padre Manuel Pires da Silva, pondo mãos à obra, dedica-se à promoção social dos povos e regiões que tinham sido fortemente atingidas pela guerra, criando, à falta de missionários religiosos, uma organização de missionários leigos, “aFRIS”.
assim nasce, em 1963, a Obras dos Missionários Leigos que adopta o nome aFRIS, que quer dizer “Movimento de auxí­lio Familiar, Religioso e de Instrução Social”. Segundo José Viriato Capela, esta iniciativa foi logo apoiada pelo estado e viria a sê-lo pelas autoridades eclesiásticas a 31 de Julho de 1966.
Inspirando-se na doutrina da Igreja, mais concretamente nos documentos Pontifícios do Papa João XXIII e nos decretos do Concílio Vaticano II, que convocam os leigos para a Missão, «os objectivos deste movimento» poderiam «resumir-se na ideia básica e essencial de promoção social para a cristianização», afirma o investigador. Segundo os estatutos do aFRIS, o movimento destinava-se «a trabalhar na assistência técnica, educativa, cultural, sanitária, social e espiritual dos territórios ultramarinos portugueses».
Viriato Capela salienta que «o movimento não tardaria a enviar para a zona do Negage, no Norte de angola, a sua primeira “brigada” a trabalhar no ensino, na enfermagem, na costura, na catequese, cujos elementos eram acarinhados pelas autoridades religiosas já instaladas no terreno, o bispo da diocese de Uí­ge e os superiores das missões, e apoiados e estimulados pelas autoridades político-administrativas, o governo geral do Distrito, as administrações gerais dos Concelhos que as subsidiavam».
Com a independência de angola e depois de desenvolver um trabalho cheio de resultados, o padre Manuel Pires da Silva regressa a Portugal com os seus missionários leigos, sendo extinto o movimento em 1975.
«Regressado ao continente e ao seio da Companhia de Jesus, trabalharia primeiro em Lisboa e depois em Braga, onde entre outras tarefas se dedicou à tradução, manifestando a sua elevada cultura literária e humaní­stica», conta Viriato Capela.
O padre Manuel Pires da Silva acabaria por falecer a 18 de Fevereiro de 1989, tendo os seus restos mortais sido trasladados a 20 de Fevereiro para o cemitério da sua terra natal.