Foi sepultado no dia de Natal o líder indígena Dorvalino Rocha, de 39 anos, covardemente assassinado por pistoleiros contratados por fazendeiros invasores da terra indígena Nhanderu Marangatu.
Foi sepultado no dia de Natal o líder indígena Dorvalino Rocha, de 39 anos, covardemente assassinado por pistoleiros contratados por fazendeiros invasores da terra indígena Nhanderu Marangatu. No passado dia 24 de Dezembro, Dorvalino Rocha foi assassinado na beira da estrada perto da entrada do local onde várias famílias indígenas se encontram. Este local também dá acesso a várias fazendas, entre elas a de Morro alto. Segundo o relato das testemunhas ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), chegou um carro e duas pessoas saíram e apontaram armas a Dorvalino, líder desta comunidade indígena. Depois saiu um terceiro homem que disparou contra ele. Os três eram seguranças contratados por fazendeiros do Mato Grosso do Sul e há informações de que o veículo fugiu em direcção à Fazenda Morro alto.
O líder indígena foi sepultado a 26 de Dezembro. Toda a comunidade indígena Kaiowá Guarani, de 732 indivíduos, realizou os rituais fúnebres do seu líder e reafirmou o objectivo de voltar à sua terra tradicional, já demarcada e homologada. Foram expulsos por determinação do presidente do Supremo tribunal Federal, Nelson Jobim, que manteve suspensa a demarcação da área indígena.
Dorvalino foi sepultado ao lado de outro líder indígena, Dom Quitito, que lutou pela recuperação do território tradicional e faleceu no ano 2000, durante a Conferência indígena, que reuniu mais de 3. 600 líderes de todo o país. No mesmo local repousa Marçal Tupã-Y, um dos primeiros a lutar pelo território, assassinado por pistoleiros em 1983. Marçal teve uma audiência com o Papa em Manaus, durante a primeira visita de João Paulo II ao Brasil. Nesta audiência deu voz à luta indígena pela recuperação das suas terras.
a 27 de Dezembro segue para a região o novo Secretário Especial dos Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi, para conhecer a situação no terreno e demonstrar a preocupação do governo federal com o conflito que se instalou. a polícia militar já está na zona.
O CIMI exige a imediata investigação do crime por parte da polícia federal e a prisão preventiva dos autores deste acto. Reivindica também a protecção da integridade física dos membros da comunidade Kaiowá Guarani, assim como o regresso imediato dos Índios ao seu território tradicional, de onde foram expulsos. Se não forem tomadas estas medidas, o CIMI alega que “se estará estimulando e perpetuando a violência institucionalizada”.