Outrora a emigração era uma opção mais de aventura que de procura económica. actualmente emigrar é uma necessidade de sobrevivência para aqueles que não encontram no país a subsistência pessoal e das famílias
Outrora a emigração era uma opção mais de aventura que de procura económica. actualmente emigrar é uma necessidade de sobrevivência para aqueles que não encontram no país a subsistência pessoal e das famíliasO Observatório da Emigração (OE) apresentou sexta-feira passada o seu relatório relativo a 2015. Podemos ler no documento que Portugal é hoje o país da União Europeia (UE) com mais emigrantes em proporção da população residente, ou seja, supera os dois milhões de pessoas. Este número equivale a 21% dos portugueses que vive fora do país em que nasceu.
Desde a II Guerra Mundial que a emigração portuguesa tem sido uma constante. até meadosdos anos 60, foi uma saída apontada primeiro para a américa e ex-colónias de África como destinos principais, mas hoje a Europa é o foco aglutinador.
De 2010 a 2013 o número de saídas de Portugal cresceu mais de 50%. Entre 2013 e 2014, a emigração estabilizou em torno das 110 mil pessoas por ano. Para encontrar estes números de grandeza é necessário recuar ao ano de 1973. Paralelamente, a imigração diminuiu, sendo hoje mais os estrangeiros a viver em Portugalque regressam aos seus países de origem do que aqueles que se fixam de novo no país. Ouseja, no plano demográfico a dinâmica migratória é claramente recessiva.

Portugal é hoje um país mais envelhecido do que nos anos 60 do século passado. Por isso mais vulnerável aos efeitos da atual grande vaga de emigração. De momento não se vislumbra qualquer movimento de regresso de grande escala equivalente ao repatriamento de África que, na segunda metade dos anos 70, ajudou a compensar, parcial e transitoriamente, os efeitos recessivos da outra grande vaga de emigração do passado recente. Falamos da emigração dos anos 60 e princípio da década de 1970.
a emigração portuguesa tem crescido permanentemente desde a adesão de Portugal à União Europeia, após a retração que se seguiu ao 25 de abril de 74, e acelerado desde que a economia portuguesa entrou em estagnação prolongada, no início deste século. Porém, o ritmo de crescimento verificado nos últimos anos é um fenómeno novo, assim como nova é a hierarquia dos destinos e a qualificação dos fluxos.

Quais são, agora, os principais destinos dos nossos emigrantes? Em primeiro lugar surge o Reino Unido, país para onde viajam mais portugueses: 30 mil em 2013, 31 mil em 2014. Seguem-se, como principais destinos dos fluxos, a Suíça: 20 mil em 2013; a França: 18 mil em 2012; e a alemanha: 10 mil em 2014. Fora da Europa, os principais países de destino da emigração portuguesa integram o espaço da CPLP: angola, Moçambique e Brasil.
a França continua a ser o país do mundo onde vivem mais emigrantes portugueses, ultrapassando o meio milhão de pessoas, mesmo não sendo aquele para onde hoje se dirigem mais emigrantes, dado que teve uma vaga migratória enorme na década de 60/70. a Suíça, com um número superior a 210 mil, é o segundo país com mais emigrantes portugueses.

Reportando-nos em termos migratórios, Portugal tem uma posição semelhante à que ocupa no planosocioeconómico mais geral, ou seja, a de um país de desenvolvimento intermédio. Dois indicadores certificam essa posição: um PIB per capita e um índice de desenvolvimento humano com valores claramente inferiores ao dos principais países de destino da emigração com origem no seu território e superiores aos dos principais países de origem dos imigrantes que recebeu nos últimos 40 anos. Tomando como comparação o quadro europeu, conclui-se que Portugal é hoje o segundo país da UE com mais emigrantes em percentagem da população (21%) e o primeiro considerando apenas os países com mais de um milhão de habitantes.
O quadro apresentado é negro e deveria merecer maior atenção do governo português, tendo em conta que é preciso dar a todos os naturais deste país a possibilidade de viver e trabalhar no solo pátrio, não sendo empurrados para fora de Portugal.