vítimas conseguiram fugir da cidade durante a ofensiva lançada pelas tropas governamentais. Estão num campo de refugiados e relataram os horrores que passaram nas mãos dos extremistas
vítimas conseguiram fugir da cidade durante a ofensiva lançada pelas tropas governamentais. Estão num campo de refugiados e relataram os horrores que passaram nas mãos dos extremistas Durante um período de 18 dias, eles colocaram fios elétricos na minha língua e deram-me choques, dizendo que era porque eu falava contra eles. Penduravam-me de cabeça para baixo e batiam-me no rosto, nas costas e nas pernas com mangueiras. Foi tão doloroso que pedi que me matassem com um tiro. Disseram que não me dariam esse presente, mas que um dia eu seria executado. Este foi o relato feito por um jovem de 20 anos, sequestrado pelos jihadistas em Mossul, no Iraque, e levado perante um tribunal arbitrário. Segundo relatou o rapaz aos técnicos do alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (aCNUR), os extremistas levaram-no perante um juiz, que o acusou de postar poemas provocativos na internet. Neguei as acusações e soube que eles só me tinham levado porque meu pai trabalhava para as forças iraquianas. Não sabia que também haviam levado a minha irmã, até a ouvir noutro quarto implorando para que nos libertassem, contou. a irmã, de 23 anos, foi acusada de bruxaria e forçada a assistir à execução de outras detidas. Decapitaram duas mulheres na minha frente e uma delas era polícia. Quanto a mim, levei muitos choques dos fios elétricos colocados na minha cabeça, nariz e pernas. a dor era insuportável. À noite ia dormir e sabia que acordaria no dia seguinte e seria torturada novamente, recordou a rapariga. Enquanto estiveram detidos, a mãe, de 50 anos, passava todos os dias no tribunal dirigido pelos extremistas, pedindo pela liberdade dos seus filhos. No vigésimo dia de cativeiro, os jovens foram finalmente libertados, sem explicação. a mulher teve que pagar mil dólares, sem saber qual a origem e o motivo desta “multa”. Os irmãos estão agora com 16 outros membros da família num acampamento do aCNUR, na região do Curdistão, mas continuam a lutar com as memórias da tortura e da violência que viveram e testemunharam. Sinto que não acabou, que eles vão voltar para me levar novamente, admite a jovem.