Embora seja uma frase feita, a verdade é que lhe podemos atribuir imensos significados, tanto pela positiva, como pela negativa. No entanto, o verdadeiro sentido deve corresponder ao bem. Para isso é que nasceu o Menino Redentor
Embora seja uma frase feita, a verdade é que lhe podemos atribuir imensos significados, tanto pela positiva, como pela negativa. No entanto, o verdadeiro sentido deve corresponder ao bem. Para isso é que nasceu o Menino RedentorPara falar de Natal é preciso ir às origens, à família de Nazaré, tantas vezes representada piedosamente como presépio, mas que corresponde a uma família normal apesar da diferença do nascimento do Deus Menino que o torna único. a piedade cristã foi criando raízes ao longo da história e hoje olhamos para o presépio como um ícone que respeitamos e serve de modelo para as nossas famílias, que têm neste dia o seu significado mais alto. a sociedade actual não cultiva, por vezes até não aceita, os valores da família, por isso está cada vez mais pobre e materializada afastando-se do seu verdadeiro espírito. a nossa sociedade tem um conceito de família mais alargado e distorcido, retirando-lhe a sua origem cristã e base da sociedade.

O Papa Francisco continua a insistir em que o casamento sério e digno é formado por homem e mulher, tal como a Igreja o instituiu. Só dessa forma é possível continuar em harmonia e fecundidade as gerações actuais e vindouras. Quase tudo o resto traz desordem na sociedade e apenas corresponde a interesses mesquinhos, individuais ou colectivos, quantas vezes inconfessáveis. O amor e harmonia que faziam parte da família de Nazaré deveriam nortear todas as famílias cristãs, ou não cristãs, pois há valores que são transversais a qualquer agregado familiar.

a Constituição da República Portuguesa reconhece a família, no artigo 67, como elemento fundamental da sociedade, que tem direito à protecção da sociedade e do Estado e à efectivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros. E diz ainda: Incumbe ao Estado a protecção da família, promovendo a independência social e económica dos agregados familiares; criar e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros equipamentos sociais de apoio à família, bem como uma política de terceira idade; cooperar com os pais na educação dos filhos; garantir, no respeito da liberdade individual, o direito ao planeamento familiar, promovendo a informação e o acesso aos métodos e aos meios que o assegurem, e organizar as estruturas jurídicas e técnicas que permitam o exercício de uma maternidade e paternidade conscientes; regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa humana; regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares; e finalmente: definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de família com carácter global e integrado.

apesar de o Estado, através da Constituição, estar incumbido de proteger a família, na prática isso verifica-se vagamente e sem um carácter de justiça, nomeadamente com as famílias mais carenciadas. Vamos dar um exemplo significativo: as famílias com filhos gastam mais 658 euros por mês do que as famílias sem filhos, de acordo com os resultados provisórios do Inquérito às Despesas das Famílias 2015/2016 (IDEF) que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou em 19 de dezembro último.
Também o peso da habitação, transportes e alimentação continua a aumentar no orçamento das famílias portuguesas: subiu 2,6% nos últimos cinco anos. Segundo o INE, aquelas despesas absorvem actualmente 60,9% do orçamento familiar. Estes números ajudam-nos a compreender aquilo que será a obrigação do Estado para com as famílias, mas que não é cumprido.

Perante a situação das famílias em Portugal, grande parte com dificuldades de toda a ordem, não é fácil apelar e motivá-las para que cumpram o seu papel de transmissoras de vida, base de toda a sociedade. O exemplo cristão ainda é uma referência para muitas famílias, mas as suas dificuldades impedem-nas de abraçar plenamente o ideário do Menino Redentor.
Neste Natal, que desejamos se repita diariamente, vamos olhar para a humilde família de Nazaré e endereçar as nossas preces por todas as famílias que querem cumprir a vontade do Redentor, mas que sentem na pele as dificuldades materiais para o conseguir. Natal é tempo de paz e amor, façamos também as nossas preces por aqueles que têm obrigação na protecção das famílias, mas que por qualquer motivo não o fazem. Santas festas.