Desmond Tutu, arcebispo anglicano, disse que a África do Sul já devia ter julgado os autores das atrocidades do apartheid que não foram amnistiados.
Desmond Tutu, arcebispo anglicano, disse que a África do Sul já devia ter julgado os autores das atrocidades do apartheid que não foram amnistiados. O arcebispo foi entrevistado para marcar os 10 anos da fundação da Comissão para a Verdade e a Reconciliação (CVR). Liderada pelo arcebispo, esta comissão foi criada para investigar as violações dos direitos humanos cometidas durante o período do apartheid. Todos os autores destas violações tiveram a oportunidade de ser amnistiados em troca de uma confissão total.
“Provavelmente não estivemos bem em relação aos que não respeitaram a comissão da verdade”, disse o arcebispo referindo-se aos que procuraram uma amnistia sem confessar todos os crimes cometidos. “Deví­amos ter seguido a legislação e julgado criminalmente estas pessoas”.
Dos 7. 112 responsáveis por abusos dos direitos humanos que aplicaram ao plano da CVR, 849 foram amnistiados. Os demais devem enfrentar um julgamento em tribunal. O arcebispo considera que este processo está demorando demasiado tempo, retirando credibilidade e sentido ao trabalho pela verdade e reconciliação que a comissão realizou.
Tutu também disse que as vítimas do apartheid não foram adequadamente compensadas. Os que testemunharam ante a CVR abdicaram do direito a procurar outras compensações nos tribunais. O governo só começou a pagar compensações no final de 2003, mais de cinco anos depois da CVR ter apresentado as suas conclusões. a CVR tinha proposto a criação de um fundo de três mil milhões de rands (aproximadamente 390 milhões de euros), mas apenas 660 milhões de rands (pouco mais de 85 milhões de euros) foram destinado para esse fim. Cada vítima está a receber apenas 30 mil rands (menos de quatro mil euros).