aquele acontecimento lembrara-lhe uma história do Evangelho, a Parábola do Bom Samaritano. Fazendo o paralelo, nesta história do Nuno ele tinha o papel de estalajadeiro, mas este não era o papel que ele queria ter
aquele acontecimento lembrara-lhe uma história do Evangelho, a Parábola do Bom Samaritano. Fazendo o paralelo, nesta história do Nuno ele tinha o papel de estalajadeiro, mas este não era o papel que ele queria terDoutor Duarte veio à sala de espera receber o seu novo paciente. – Senhor Nuno?! Levantou-se um rapazinho aparentando 16 anos. ao seu lado, um senhor de barba grisalha permaneceu sentado, mas seguiu Nuno com o olhar, encorajando-o quando este olhou para trás. O que chamou de imediato a atenção do doutor Duarte foi a palidez e o olhar triste de Nuno. Dir-se-ia que se sentia perdido. – Quer que o seu pai entre, Nuno?- ah, não é meu pai. aquele senhor vem acompanhar-me, mas eu nem o conheço. – Não!? – Não. Eu estava sentado num banco do Centro Comercial, cheio de dores e este senhor veio perguntar-me se eu precisava de alguma coisa. Disse-lhe que estava com muitas dores. Ele fez-me muitas perguntas e depois ofereceu-se para me trazer a um médico que tinha fama de ser muito bom. Eu recusei, mas ele insistiu e disse que ficaria muito contente se eu aceitasse que ele pagasse os tratamentos necessários. – E que dirão os teus pais?- Eu só tenho mãe, mas ela trabalha muito e eu não quero preocupá-la com mais este problema. Depois da observação cuidadosa e de prescrever os exames e terapêutica necessários, o doutor Duarte propôs chamar o senhor de barba grisalha, para perceber melhor a situação. – Senhor doutor, estou aqui para assegurar que o Nuno terá tudo o que precisa para ficar bem. – No caso do Nuno precisamos de vários exames algo dispendiosos e- Nesse caso, penso que o Nuno não se recusará afazê-los. O resto, será comigo. Deixo o meu cartão e agradeço que me contactem para algo que seja necessário. Duarte agradeceu e olhou para o cartão – apenas o nome, Carlos Mello, e o telefone. Cumprimentaram-se e Nuno saiu com o senhor Carlos, deixando o médico surpreso, a olhar para aquele cartão como se tentasse descobrir a razão para uma atitude tão digna. No fim da tarde, o doutor Duarte foi à reunião marcada com Ricardo, o seu sócio da clínica. Contou-lhe o sucedido. aquele acontecimento lembrara-lhe uma história do Evangelho, a Parábola do Bom Samaritano. Fazendo o paralelo, nesta história do Nuno ele tinha o papel de estalajadeiro, mas este não era o papel que ele queria ter. – Ricardo, se um desconhecido do rapaz que passou a ser nosso paciente vem aqui para lhe pagar o tratamento, nós não podemos ficar atrás! Devemos ser nós a fazer isso. – Isso é interessante, Duarte! Há dias li um artigo de um economista que dizia que tudo o que temos de sobra não nos pertence: pertence a quem não tem o suficiente. Segundo ele, esta seria uma premissa para resolver o problema da pobreza. Fiquei com vontade de fazer alguma coisa, mas não te disse nada porque pensei que me ias achar louco. – até hoje, talvez, mas depois distoDecididos a pôr em ação Não Podemos Ficar atrás, naquela clínica passou a haver um número mensal de consultas especiais, atribuídas aos que não podiam tratar-se por falta de meios financeiros. a partir de então o doutor Duarte e o seu colega Ricardo passaram a realizar o papel que escolheram ter na parábola do Bom Samaritano: o de Bom Samaritano. Tal como acontecera com eles naquele encontro com o senhor de barba grisalha, outros houve que se deixaram envolver e não quiseram ficar atrás. E a cadeia de Bom Samaritano continua a aumentar!