Em plena época natalí­cia a notícia caiu com estrondo. O Governoportuguês perdeu este ano 28 milhões de euros de um fundo europeu de ajuda alimentar, porque o programa não foi executado
Em plena época natalí­cia a notícia caiu com estrondo. O Governoportuguês perdeu este ano 28 milhões de euros de um fundo europeu de ajuda alimentar, porque o programa não foi executadoO fundo de auxílio a pessoas carenciadas apoiou 400 mil portugueses em 2015, mas este ano ficou por implementar. O ministro da Solidariedade questionado sobre o assunto afirmouque o programa será retomado em 2017, mas a verdade é que a verba deste ano se finou.
Convém referir que este fundo foi lançado há dois anos. Veio para substituir o anterior Programa Comunitário de ajuda alimentar a Carenciados, o actual Fundo Europeu de auxílio às Pessoas Mais Carenciadas (FEaC), que visa apoiar instituições de solidariedade na distribuição de alimentos.

as verbas do fundo em questão são distribuídas por 21 bancos alimentares que apoiam 2. 700 instituições e ajudam 426 mil pessoas, através da doação diária de cabazes de alimentos e de refeições confeccionadas em lares, centros de dia, em creches e para apoiar sem-abrigo. as instituições de solidariedade social que beneficiavam da ajuda alimentar do FEaC e que este ano se viram privadas desse apoio sentiram-se frustradas. Estamos a falar de muitas toneladas de alimentos que iriam beneficiar os mais carenciados. Dadas estas circunstâncias de carência, a presidente dos Bancos alimentares apelou aos portugueses, mais que uma vez, para serem ainda mais generosos, nas campanhas de recolha de alimentos.

O Jornal de Notícias, que veiculou a notícia sexta-feira passada, refere que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social explica o atraso da execução do programa com o facto de o ano de 2016 ter sido necessário para garantir as diligências necessárias. a distribuição irá iniciar-se em 2017. Foi também esta informação que o Governo garantiu à Federação Portuguesa dos Bancos alimentares na última reunião que tiveram, há dois meses.
Parece que as explicações para a não execução do programa não convenceram a oposição no Parlamento, pois a líder do CDS, assunção Cristas, questionou o primeiro-ministro sobre o tema afirmando: É mais um exemplo das famosas cativações, cortes cegos que o país está a sofrer. Este ano, pela primeira vez, não vai haver distribuição do fundo de apoio aos carenciados. São 400 mil pessoas que recebiam alimentos via dinheiros europeus. Mas antónio Costa deixou a líder do CDS sem resposta.

Situação semelhante já tinha acontecido com o anterior executivo, mas o secretário-geral da Federação Portuguesa de Bancos alimentares, Manuel Paisana, explica isso com a fase de transição em que o programa se encontrava nessa altura. Em 2014, porque era um ano de transição, Portugal conseguiu recorrer ao FEaC e o Governo ainda distribuiu dez milhões de euros em alimentos. No ano seguinte, voltou a usar-se o facto de estarmos em transição, mas, em 2016, nada foi distribuído. Será difícil justificar perante a Europa que é mais um ano de transição, disse.

Perante os factos e a consonância entre os políticos da oposição e os responsáveis das instituições, fica a dúvida se houve negligência nos procedimentos ou se não havia verba necessária para complementar aquele valor. Uma fonte de uma das instituições parceiras alertou que faltam intumentospara a execução do programa, tão simples como abrir concursos ou regulamentar os mesmos, de acordo com o JN.
Para o comum do cidadão não é fácil entender como é possível desperdiçar a possibilidade de acudir aos mais necessitados, quando o Governo deveria ter em conta especialmente essa camada da população. afinal a ideia existente de que as esquerdas políticas defendem os mais fracos não passa de pura falácia.