as queimaduras são a quinta causa mais comum de lesões durante a infância. E a Etiópia é um dos países que mais contribui para esta estatí­stica. Pela quantidade de mortes e pelo número de crianças que todos os dias ficam marcadas para o resto da vida
as queimaduras são a quinta causa mais comum de lesões durante a infância. E a Etiópia é um dos países que mais contribui para esta estatí­stica. Pela quantidade de mortes e pelo número de crianças que todos os dias ficam marcadas para o resto da vidaazmera, de apenas dois anos, brinca descontraída no interior da pequena cabana escura, na região de Gambo, no sudeste da Etiópia. O pai saiu para o campo, a mãe partiu manhã cedo para cumprir o ritual diário de recolha de água, os irmãos estão entretidos no pasto com os animais e a menina está entregue aos cuidados da irmã, oito anos mais velha. No chão da palhota, como na maioria das habitações rurais etíopes, arde uma fogueira, protegida com meia dúzia de pedras. Irrequieta, azmera aproxima-se do fogo e, num desequilíbrio involuntário, próprio da idade, estatela-se nas chamas.com queimaduras de segundo grau numa parte considerável do corpo, é levada para o Hospital Rural de Gambo, gerido pelos Missionários da Consolata, onde fica internada, na melhor das hipóteses, por um período não inferior a três semanas. E passa a fazer parte da trágica estatística, que atira todos os anos mais de 60 crianças para a unidade de queimados desta unidade hospitalar. São sobretudo menores entre os três meses e os sete anos, mas a maioria tem menos de três anos, refere o irmão Francisco Reyes, diretor da instituição. Infelizmente, as queimaduras são muito frequentes, sobretudo nas crianças. as cabanas têm fogueiras sem proteção e as crianças caem. Depois, são as meninas, entre os oito e os 10 anos, que se queimam com líquidos a ferver, como água ou café, ou com combustíveis que usam para acender a fogueira, adianta o médico, de 50 anos, parte deles passados com muitas noites em claro, na esperança de que no dia seguinte chegasse o indispensável donativo para o pagamento dos ordenados dos técnicos e dos clínicos, mas sobretudo para a compra de medicamentos e material hospitalar. Conhecedores destas dificuldades, os Missionários da Consolata em Portugal decidiram transformar o seu próximo projeto anual numa campanha solidária de auxílio ao tratamento de crianças queimadas, a que deram o nome Compressa amiga. Segundo Eugénio Butti, Superior Provincial da delegação portuguesa, esta é também uma forma de homenagear o padre Carlos Domingos, o missionário português que faleceu a 2 de janeiro deste ano, num fatídico acidente: Queremos fazer memória do sacrifício da vida deste nosso missionário, que partiu para a Etiópia para ser administrador da missão de Gambo, e acabou por doar lá a sua vida.