Dados da aPaV mostram que as vítimas de agressão denunciam o crime mais cedo, o que para o psicólogo Daniel Cotrim revela que as campanhas de sensibilização estão a surtir o efeito desejado
Dados da aPaV mostram que as vítimas de agressão denunciam o crime mais cedo, o que para o psicólogo Daniel Cotrim revela que as campanhas de sensibilização estão a surtir o efeito desejado a associação Portuguesa de apoio à Vítimas (aPaV) recebeu, por dia, uma média de 49 queixas de violência doméstica, entre 2013 e 2015. Neste período, a aPaV registou 22. 387 processos de apoio a vítimas de violência doméstica, que se traduziram em 54. 031 factos criminosos. Em 2013, foram ajudadas 7. 271 vítimas, em 2014, 7. 238, e em 2015, 7. 878, mostram dados estatísticos reunidos pela associação para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que se comemora sexta-feira, 25 de novembro.
Examinando os dados, Daniel Cotrim, psicólogo e assessor técnico da direção da aPaV, verificou que os números estão em linha com os últimos anos. O profissional considera que apesar de não haver grandes oscilações nos números () também não podemos pensar que a violência doméstica está a diminuir. Para o psicólogo são preocupantes os casos das mulheres que não denunciam.
a maior parte das mulheres que pediu ajuda tinha entre 26 e 55 anos (39 por cento), um perfil que se alterou nos últimos 20 anos. O perfil do agressor também se alterou. É agora um homem mais jovem, entre os 26 e os 55 anos. Hoje em dia, quando olhamos para o perfil da vítima vemos mulheres muito jovens, o quer dizer que as pessoas estão mais sensibilizadas para a denúncia e que as campanhas de sensibilização resultam, uma vez que antes da violência doméstica ser um crime, as mulheres denunciavam a situação após 20 a 30 anos de vitimação.
Contudo, quando olhamos para dentro destas relações, elas são altamente violentas, alertou o profissional. Rapidamente se passa da violência psicológica, do insulto, para a violência física, à tentativa de homicídio ou mesmo o homicídio, contou. Daniel Cotrim realçou que não chega dizer às mulheres que são vítimas para denunciarem. Temos que lhes dar mais informação para perceberem o que podem fazer para se protegerem, destacou, em declarações à agência Lusa.