O papa Francisco encerra hoje o Jubileu da Misericórdia especialmente marcado por uma maior abertura da Igreja católica e por um desejo de reconquistar os fiéis. Um autêntico Bom Pastor na procura da ovelha perdida
O papa Francisco encerra hoje o Jubileu da Misericórdia especialmente marcado por uma maior abertura da Igreja católica e por um desejo de reconquistar os fiéis. Um autêntico Bom Pastor na procura da ovelha perdidaO jubileu extraordinário da misericórdia, lançado em 8 de Dezembro de 2015, foi marcado por celebrações e reuniões, mas também, de maneira nova, na abordagem do Papa para alcançar pessoalmente os mais rejeitados. Desta forma, foi ao encontro de migrantes, crianças hospitalizadas, idosos, deficientes, doentes mentais ou vegetativos, ex-dependentes, ex-prostitutas, padres que deixaram a batina e hoje são pais de família e muitos outros.
a ideia de um ano jubilar vem da Bíblia, nomeadamente do antigo Testamento. Em Israel, de 50 em 50 anos existia um ano especial em que se focava de forma singular a misericórdia de Deus. Nesse ano, as dívidas eram perdoadas, os escravos libertados e os presos também. a tradição foi recuperada na Igreja católica pelo Papa Bonifácio, para assinalar o ano 1300. a partir de então os jubileus realizaram-se a cada 25 anos ou a cada 50 anos. São anos em que a Igreja destaca a misericórdia de Deus, incentivando as peregrinações a lugares santos, incluindo Roma, e oferecendo indulgências aos fiéis que cumpram com os requisitos e concretizem essas peregrinações.

a misericórdia, a compaixão pela miséria do outro, engloba para os fiéis a ideia do perdão de Deus para os pecados dos homens, através da confissão, mas também, durante os anos de jubileu, cruzando a porta santa num processo de arrependimento. E, pela primeira vez neste Jubileu da Misericórdia, as portas santas foram abertas em todo o mundo, nas catedrais, santuários, campos de refugiados, prisões, centros sociais O Papa abriu pessoalmente a primeira em África, em Bangui. Todas foram fechadas em 13 de Novembro, com a excepção da porta da Basílica de São Pedro, geralmente murada, que será encerrada este Domingo.

Este é o Papa da misericórdia, afirmou à aFP andrea Tornielli, vaticanista do La Stampa, que publicou um livro de entrevistas com Francisco sobre este tema. a palavra é central para um papa que defende consistentemente uma abertura para todas as situações pessoais.
Francisco inspira-se em sua longa experiência de padre confessor na argentina. Quem sou eu para julgar?, afirmou sobre os homossexuais apenas alguns meses após a sua eleição. Tornielli lembra que a sua atitude de diálogo não significa que a Igreja aceita tudo e não guarda os seus valores, isto é para o Papa um sentido da evangelização. a misericórdia sempre foi defendida pela Igreja, desde a escolha de Jesus de perdoar a mulher adúltera. João Paulo II a este respeito criou uma festa da misericórdia.

Se porventura houvesse dúvidas de que Francisco é o Papa da Misericórdia, embora eu pense que não há, seria suficiente recordar as palavras que dirigiu aos novos cardeais na cerimónia do Consistório Ordinário Público, realizado ontem na Basílica de S. Pedro. O Papa dirigindo-se aos novos Cardeais recordou que Jesus não cessa de descer do monte, não cessa, disse, de querer inserir-nos na encruzilhada da nossa história para anunciarmos o Evangelho da Misericórdia. Jesus continua a chamar-nos e a enviar-nos à planície dos nossos povos, continua a convidar-nos a gastar a nossa vida apoiando a esperança do nosso povo, como sinais de reconciliação.como Igreja, continuamos a ser convidados a abrir os nossos olhos para vermos as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da sua dignidade, provados na sua dignidade. Estas palavras foram dirigidas especialmente aos novos cardeais, mas para nós basta o seu exemplo do dia-a-dia, durante os quais O Papa faz da misericórdia a sua forma de estar e agir.