Com o objectivo de travar a acentuada diminuição dos cristãos da Palestina, devido ao desemprego e à insegurança, a Custódia e o Patriarcado procuram estancar a emigração.
Com o objectivo de travar a acentuada diminuição dos cristãos da Palestina, devido ao desemprego e à insegurança, a Custódia e o Patriarcado procuram estancar a emigração. a Custódia da Terra Santa (a província franciscana que cuida dos Lugares Santos) está prestes a entregar mais um lote de casas económicas a famílias cristãs palestinas. além deste lote quase concluí­do, há outros em fase de construção, que serão entregues à maneira que vão ficando prontos.
é um sistema que já não constitui novidade aqui, pois está a ser implementado há já algum tempo, mas é sempre um acontecimento saudado com muita alegria e um grande suspiro de alí­vio pelos beneficiados.
Por detrás desta iniciativa estão dois factores importantes. Por um lado, há o facto de que a Custódia é uma entidade eclesiástica reconhecida pelas autoridades civis (israelitas e palestinianas) com uma posição e estatuto oficial forte, que goza de grande mérito e prestí­gio. ao mesmo tempo dispõe de bens, sobretudo terrenos e obras, que não pode alienar, que estão ao serviço das comunidades: lugares de culto, santuários, conventos, instituições de carácter social, como escolas, hospitais, creches e lares.
Por outro lado, de há alguns anos para cá, tanto a Custódia como o Patriarcado estão a fazer um grande esforço para travar a acentuada diminuição dos cristãos da Palestina. a emigração é o caminho normal e frequente de saída. Sobretudo em consequência das sucessivas intifadas que, além do clima de tensão e dos contí­nuos sobressaltos que provocam, trouxeram também um forte agravamento económico e social com o aumento do desemprego. O sector do turismo, que era o motor principal da economia e a área de maior emprego, foi vítima directa e prolongada da atmosfera geral de insegurança e das medidas defensivas a que Israel recorreu.
São várias as razões apontadas para a forte e contí­nua diminuição da comunidade cristã: o tratamento calculadamente frio e burocraticamente hostil pelo estado de Israel não é uma atitude declarada, mas é suficientemente clara e constante para ser eficaz.
Outra dificuldade de que também se não fala mas que não é menos sentida e sofrida é a atitude nada amistosa da maioria muçulmana; não é abertamente persecutória, mas tem muito de injurioso e desagradável para causar um permanente mau estar. a minoria cristã vive entalada entre estas duas forças. Juntando a esta situação a já mencionada insegurança e desemprego, é tentadora a emigração, sobretudo para os EUa.
Com a oferta de casas de renda acessível, a Custódia espera um duplo benefí­cio. Primeiro, estancar a hemorragia que está a despovoar rapidamente as comunidades cristãs. assegurada a residência, é mais fácil procurar ou aceitar um trabalho nas redondezas.
a segunda vantagem é de natureza pastoral: as famílias cristãs que têm a sorte de entrar nestes apartamentos passam a constituir um núcleo cristão de alguma consistência; sentem-se ao abrigo do ambiente hostil e incómodo da vizinhança muçulmana opressora e desagradável, podendo gozar de um clima sereno; formando comunidades homogéneas e compactas com laços de vizinhança e amizade facilitam o enraizamento e abrem o caminho a uma maior solidariedade; além disso a Custódia e os párocos podem reforçar a rede de assistência com obras sociais para os sectores mais necessitados da comunidade.
O modelo hoje seguido pela Custódia é este: mantém a propriedade das habitações, tanto mais que as constrói em terreno seu não alienável, e cobra por elas uma renda social sustentável. Esta medida já é fruto de outra experiência que revelou algumas falhas a evitar. Consistia esta em contabilizar as rendas como amortização e compra da casa pelo inquilino. O resultado foi que destes novos proprietários alguns venderam depois a terceiros que não eram inteiramente estranhos ao esquema e vieram romper a malha social que se tinha conseguido moldar, frustrando assim o sentido e a intenção inicial do projecto.
antes de começar a escavar os alicerces para a construção destes lotes de casas, a Custódia (ou o Patriarcado com as suas iniciativas semelhantes) tem que se haver com um processo muito lento e desgastante até obter o beneplácito das autoridades israelitas. a aprovação só vem depois de inúmeras sessões de propostas, contrapropostas e emendas que são o preço da concessão. Sobretudo o que sai no projecto aprovado é o que sobeja das valentes tesouradas que levou pelo caminho e não passa de uma fracção mí­nima daquilo que inicialmente fora pensado e proposto e que o terreno e o contexto urbano permitiria, sem falar da necessidade e da utilidade. as autoridades israelitas não são nada favoráveis a estas medidas e por isso acumulam os entraves sobretudo burocráticos. Por exemplo, ao lado do santuário de Betfagé no Monte das Oliveiras, estão a surgir 72 apartamentos; é quanto se conseguiu salvar de um projecto inicial de 140 que o terreno disponibilizado bem podia comportar. Vinha muito a jeito ajudar a fixar mais famílias cristãs no espaço urbano de Jerusalém, agora definido pelo famigerado muro de separação que corre a menos de 50 metros destas habitações.
De Jerusalém