Segundo dados divulgados sexta-feira passada pelo Instituto Nacional de Estatí­stica (INE) o í­ndice de bem-estar em Portugal evoluiu positivamente em 2015. Já a qualidade de vida tem vindo a subir desde 2004
Segundo dados divulgados sexta-feira passada pelo Instituto Nacional de Estatí­stica (INE) o í­ndice de bem-estar em Portugal evoluiu positivamente em 2015. Já a qualidade de vida tem vindo a subir desde 2004O nosso dia-a-dia é povoado de notícias frustrantes e, de vez em quando, sabe bem olhar para outras que nos trazem algum conforto, mesmo que momentâneo e ilusório. ao longo da última década, o índice das condições materiais de vida registou evoluções negativas, mas o índice relativo à qualidade de vida apresentou uma evolução continuamente positiva. O índice de bem-estar do INE (Instituto Nacional de Estatística) baseia-se em outros dois índices que avaliam as condições materiais de vida e a qualidade de vida. Entre 2004 e 2011 o índice de bem-estar registou sempre evolução positiva, tendo reduzido em 2012. Recuperou depois em 2013 e em 2014 voltou a evoluir positivamente, e os dadospreliminares referentes a 2015 dão a esperança de uma inversão do índice relativo às condições materiais de vida, que, depois de anos a decrescer, apresentou em 2014 um ligeiro aumento que se estima se prolongue em 2015.

Nos 10 domínios que integram o índice de bem-estar, a educação, o ambiente e a participação cívica e governação são as componentes de bem-estar com evolução mais favorável no período entre 2004 e 2015. Numa análise ao longo da última década, verifica-se que em todos os anos, desde 2006, houve um agravamento dos indicadores relativos à vulnerabilidade económica, atingindo o valor mínimo em 2013. Estima-se que em 2015 este índice continue o crescimento registado em 2013 e em 2014.
O domínio vulnerabilidade económica é um dos que apresentam, de acordo com o INE, a evolução mais desfavorável ao longo do período 2004/2015, espelhando a progressiva vulnerabilidade das famílias afectadas pelo afastamento do mercado de trabalho. O domínio trabalho e remuneração é o que apresenta a evolução mais desfavorável e veio contribuir de forma significativa para a descida do índice das condições materiais de vida – entre 2004 e 2014 -que registou uma descida global de mais de 28 pontos percentuais, mas voltou a crescer em 2015.

Quando aplaudimos o facto de haver subido a esperança média de vida, também precisamos que essa longevidade seja percorrida em harmonia com condições adequadas de qualidade, doutra forma não faz sentido a esperança média de vida aumentou mais de uma década desde 1980, mas as pessoas vivem mais tempo com doenças, revela-se num estudo recente publicado pela revista The Lancet, segundo o qual sete em cada dez mortes resultam de doenças não transmissíveis.
Segundo os dados divulgados, a esperança média de vida aumentou de 61,7 anos, em 1980, para 71,8 anos em 2015 (69 nos homens e 74,8 nas mulheres), mas o conflito e a violência levaram à estagnação e até à redução daquele indicador em muitas regiões.

a esperança das pessoas em viver mais tempo é salutar, mas para que tenham um mínimo de bem-estar há necessidade de estar atento não só às suas vulnerabilidades físicas (doenças), como económicas, que levam à degradação da qualidade de vida. É desconfortante verificar que os números do INE, no que respeita à vulnerabilidade económica, apontam para uma evolução negativa ao longo do período de 2004/2015, o mesmo acontecendo no domínio de trabalho e remuneração, mas no espaço de 2004/2014.
Mais de uma década em baixa, ou mais, anula qualquer hipótese de bem-estar. Para este segmento da sociedade, que ainda é elevado, o índice de bem-estar é duvidoso e quanto à qualidade de vida entendemos que é insuficiente. Seria bom que os responsáveis, sobretudo governamentais, olhassem para estes números e não iludissem as questões de carência das pessoas no dia-a-dia. as necessidades colmatam-se com actos e não com palavras balofas.