Hoje não os vemos os missionários às portas das escolas, seminários e paróquias com as carrinhas cheias de agendas e almanaques e uma máquina de projetar filmes em que apareciam sempre os indefetí­veis leões
Hoje não os vemos os missionários às portas das escolas, seminários e paróquias com as carrinhas cheias de agendas e almanaques e uma máquina de projetar filmes em que apareciam sempre os indefetí­veis leõesConheci uma velhinha que apresentava a curiosidade de não se referir aos meses do ano pelo nome com que habitualmente os designamos, mas sim pela dimensão mais espiritual que neles se celebra: Mês das almas, Mês do Natal, Mês de São José, Mês de Maria, Mês do Coração de Jesus, etc. ao chegar a outubro, como que precisou da minha confirmação: antigamente era o Mês do Rosário. Mas acho que o rosário, agora, passou para o Mês de Maria, não é? acho que agora é o Mês das Missões. E acho bem porque as missões são muito importantes. Não é?. No sentido da fé desta velhinha, profundamente crente, as missões colocavam-se entre as identidades cristãs, tão fortes e tão evidentes, que constituíam, ou deviam constituir, algo comummente aceite. Por isso, podiam identificar o tempo com a mesma incontestável facilidade com que os nossos calendários o designam por outubro, novembro, etc. Esta senhora percebia bem que o Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura não é um opcional, mas um imperativo ligado à própria constituição da Igreja e sua razão de ser. Sabia que existe uma tarefa recebida, uma missão, que tem de ser realizada ao longo de todas as épocas da história. E que a esta realização ou concretização chamamos missões. Mas sabia mais: que não só a missão, mas também as missões, dizem respeito a todos os batizados, são obrigatórios para cada filho da Igreja. E hoje, ainda será evidente esta implicação missionária da fé? Há franjas em que o é e de forma muito clara. Pense-se no enorme movimento do voluntariado missionário. Mas temo que, para a maioria dos cristãos, as missões já digam pouco e a missão não implique nada. Porquê? Porque as nossas dioceses e paróquias, cheias de preocupações e carências, varreram o tema para debaixo do tapete. E, com não menor responsabilidade, os missionários deixaram de o divulgar. Hoje não os vemos às portas das escolas, seminários e paróquias com as carrinhas cheias de agendas e almanaques e uma máquina de projetar filmes em que apareciam sempre os indefetíveis leões. Mas que faziam parte do nosso imaginário e identificavam as missões. Só recuperaremos a missionação criando uma cultura missionária. Vamos a ela?