a partir de 2017, teremos um português a dirigir os destinos da ONU. antónio Guterres foi eleito novo secretário-geral esta semana, tendo afirmado que acolheu a nomeação com «humildade e gratidão»
a partir de 2017, teremos um português a dirigir os destinos da ONU. antónio Guterres foi eleito novo secretário-geral esta semana, tendo afirmado que acolheu a nomeação com «humildade e gratidão» a notícia já foi amplamente difundida durante a semana, não só em Portugal como em todo o mundo. Porquê comentarmos também este assunto? a razão de o fazermos neste espaço é simples: para além de se tratar de uma personalidade portuguesa, bem conhecida, é um político assumidamente católico e humanista com provas dadas. a Organização das Nações Unidas nasceu oficialmente a 24 de Outubro de 1945, data em que a sua Carta foi ratificada pela maioria dos 51 estados membros fundadores, sendo actualmente composta por 193 Estados. O objectivo da ONU é unir todas as nações do mundo em prol da paz e do desenvolvimento, com base nos princípios de justiça, dignidade humana e bem-estar de todos.

É esta grande organização mundial que antónio Guterres (aG) vai dirigir, na qualidade de secretário-geral, tendo uma tarefa complexa e extremamente difícil, dado os problemas de grande amplitude que se deparam ao mundo de hoje. a experiência que Guterres adquiriu durante dez anos ao serviço da ONU (2005 – 2015) no aCNUR, como alto-comissário para os refugiados, cria esperanças de que o seu trabalho possa ser muito útil para a comunidade mundial.
Recordemos que o tempo em que esteve à frente do aCNUR deu-lhe acesso ao mundo das Nações Unidas e a experiência concreta na gestão de uma agência desta organização, que conta com mais de 10 mil funcionários em 125 países. Conseguiu promover a sua reforma, reduzindo em 20% o pessoal na sede, em Genebra, e triplicando o volume de actividades no organismo, de modo a poder responder ao número crescente de refugiados. a obra feita durante aquele espaço de tempo é vasta, e torna-o um conhecedor nato dos problemas mundiais, um passo importante para um trabalho eficaz à frente da ONU.

antónio Manuel de Oliveira Guterres tem 67 anos. Nasceu em Lisboa, mas o país sempre o tomou por nado e criado em Donas, Castelo Branco. a sua infância foi vivida com os avós. Daí essa conotação. Formou-se em engenharia electrotécnica no Instituto Superior Técnico, mas nunca exerceu a profissão. a sua militância na Juventude Universitária Católica e noutros movimentos associativos ligados à Igreja, que faziam trabalho social em Lisboa, fizeram-no desistir de um rumo que, a certa altura, lhe pareceu ter uma utilidade social pouco relevante. Foi na actividade política, nas fileiras do PS, que se fixou, pouco antes do 25 de abril.
Numa entrevista, explicou mais tarde que não via qualquer contradição entre as dimensões cristã e socialista na sua vida: Ser cristão dá-nos uma matriz de valores. Ser socialista dá-nos uma visão política do mundo e uma vontade de intervir.

No primeiro discurso, após a nomeação como secretário-geral das Nações Unidas, Guterres declarou que acolhia a nomeação com humildade e gratidão. Humildade face aos enormes desafios que me esperam, à terrível complexidade dos dramas do mundo moderno. Mas também a humildade que é necessária para servir. E sobretudo para servir os mais vulneráveis, as vítimas dos conflitos, do terrorismo, das violações dos Direitos, da pobreza e das injustiças deste mundo.
Quem melhor que antónio Guterres poderá contribuir para que as causas dos mais fracos e vulneráveis possam ser acolhidas com mais humanidade e ter um tratamento mais adequado à escala mundial?Insistimos muitas vezes para que os cristãos se interessem pela política, que sejam activos, pois só dessa forma poderão fazer a diferença num mundo onde campeia o egoísmo das pessoas e dos países. Temos em Guterres um exemplo a seguir. afinal os cristãos podem mesmo dar um sentido diferente à vida das pessoas.