O sistema de castas indiano está a mudar. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer até se cumprirem as aspirações de todos os cidadãos expressas no preâmbulo da Constituição da Índia.
O sistema de castas indiano está a mudar. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer até se cumprirem as aspirações de todos os cidadãos expressas no preâmbulo da Constituição da Índia. a afirmação é de Teotónio Sousa, autor da conferência “Fraternidade num sistema de castas”, que decorreu ontem de manhã, 4 de Dezembro, em Fátima. Para este professor da Universidade Lusófona, o sistema indiano de castas tem sofrido uma lenta mudança ao longo dos últimos anos, que do seu ponto de vista é “bastante positiva”.
No entanto, o conferencista reconheceu que essa mudança é “ainda bastante limitada”. admitiu também que “há muitos outros obstáculos à construção da fraternidade que nada têm a ver com o sistema de castas”. Segundo defendeu, o “problema tem que ser resolvido a nível dos direitos e da economia”.
Quanto ao trabalho da Igreja Católica na Índia, Teotónio Sousa, referiu que a Igreja Católica “faz o que pode pelas castas mais baixas”, mas continua “a não haver direitos”.
Teotónio Sousa traçou também, em pinceladas largas, o quadro dos últimos anos da Índia: “Desde a independência, a Índia é um estado secular e democrático. Neste contexto as castas adaptaram-se, formando grupos políticos ou partidos regionais. a urbanização, a escolarização e a secularização fragilizaram o sistema de castas e limitaram o seu papel de controlo social.
Novas profissões e novas divisões sociais e económicas estão a provocar a erosão do tradicional suporte ritual das castas. O poder político, económico e a educação estão a permitir às castas baixas acesso ao estatuto dominante na classe média”. Hoje, “a tendência é procurar entrar na classe média, mas fazendo aproveitamento das relações familiares da casta, sem dar importância à tradicional questão da pureza ritual das castas”.