a mensagem foi escrita pelo cardeal Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde.
a mensagem foi escrita pelo cardeal Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde. Para as conferências episcopais, as instituições e organizações nacionais e internacionais, as organizações não-governamentais e associações de prevenção e assistência, e para os homens e mulheres de boa vontade.
1. a Jornada Mundial contra a Sida deste ano, promovida por ONUSida, com o lema “Detenhamos a Sida. Mantenhamos a promessa”, quer fazer um chamado a todos, em especial aos que têm cargos de responsabilidade no campo do VIH/Sida, impulsionando-os a um renovado e consciente compromisso com o fim de prevenir de forma duradoura a difusão desta pandemia e a assistir os doentes, especialmente nos países pobres, limitando e invertendo a tendência ao aumento da difusão do contágio pelo VIH/Sida.
2. O Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde une-se às instituições e organizações nacionais e internacionais, em particular a ONUSida, que cada ano organiza uma campanha mundial de luta contra a Sida, a fim de que a este mal planetário, que acarreta uma crise global, se responda com uma acção global e conjunta. a adesão, no ano 2001, dos chefes de Estado e dos representantes dos governos à declaração de compromisso para lutar contra o VIH/Sida constituiu um importante momento de toma de consciência e de compromisso político no patamar mundial para reagir e dar uma resposta forte, global e decidida por parte da comunidade internacional.
3. a situação epidemiológica do VIH/Sida continua a proporcionar grandes preocupações. Calcula-se que em 2005 as pessoas afligidas pelo VIH chegaram a 40,3 milhões, das quais 2,3 milhões menores de 15 anos. Cada ano aumenta o número de pessoas contagiadas; em 2005 contraí­ram o ví­rus do VIH 4,9 milhões de pessoas, das quais 700. 000 são menores de 15 anos. Nesse mesmo ano morreram devido à Sida 3,1 milhões de pessoas entre as quais 570. 000 jovens com menos de 15 anos. O VIH/Sida continua a semear a morte em todos os países do mundo.
4. O melhor cuidado a ter é a prevenção para evitar o contágio pelo VIH/Sida que, recordamos, se transmite unicamente através da tripla via do sangue, da transmissão materno-infantil e por contacto sexual.com respeito às transfusões e a outros contactos com o sangue do enfermo, hoje o contágio reduziu-se consideravelmente. Não obstante isto, deve-se pôr a máxima atenção para evitar este meio de infecção, em particular nos centros de transfusão e durante as intervenções cirúrgicas.
Graças a Deus, o contágio materno-filial está fortemente controlado com fármacos adequados. Deve-se intensificar a prevenção neste campo, proporcionando o tratamento médico adequado às mães seropositivas, sobretudo por parte das entidades públicas dos diferentes países.
a terceira forma de contágio, ou seja, a transmissão sexual, continua a ser o mais significativo. é favorecida por uma espécie de cultura pansexual que tira valor à sexualidade, reduzindo-a a um simples prazer, sem dar-lhe um alcance mais elevado.
a prevenção radical neste campo deve provir de uma correta concepção e prática sexual, na qual se entenda a actividade sexual no seu significado mais profundo: expressão total e absoluta de doação fecunda de amor. Esta totalidade conduz-nos à exclusividade de seu exercício no matrimónio, único e indissolúvel. a prevenção segura neste campo dirige-se, pois, a intensificar a solidez da família.
Este é o significado profundo do sexto Mandamento da lei de Deus, que constitui o centro da autêntica prevenção da Sida no âmbito da actividade sexual.
5. Face à difícil situação sócio Política, cultural e económica em que se encontram muitos países, não há dúvida de que é preciso exigir a tutela e a promoção da saúde como sinal do amor incondicional de todos, especialmente nos mais pobres, respondendo às necessidades humanas individuais e da comunidade.
é preciso, portanto, reformar as leis que não consideram suficientemente o acesso de todos a boas condições de saúde. a saúde é um bem em si mesmo, podemos dizer que “sobre esta pesa uma hipoteca social” e portanto deve-se assegurar a saúde para todos os habitantes da Terra, estudando formas de fazer chegar a todos os recursos da saúde, assegurando os cuidados básicos ainda negados a grande parte da população mundial. ao direito da tutela da saúde deve corresponder de alguma forma o dever de pôr em acção comportamentos e estilos de vida adequados para defender a saúde e rejeitar os que a deterioram.
6. a Igreja católica continua a dar a sua contribuição tanto na prevenção como na assistência aos doentes de VIH/Sida e às suas famílias no plano médico-assistencial, social, espiritual e pastoral. 26,7 por cento dos centros para o cuidado do VIH/Sida no mundo são católicos. São numerosos os projectos e os programas de formação, prevenção e assistência, cuidado e seguimento pastoral a favor dos enfermos, que as igrejas locais, os institutos religiosos e as associações laicas promovem com amor, sentido de responsabilidade e Espírito de caridade.
7. Concretamente, de acordo com as informações que chegaram das diferentes Igrejas locais e instituições católicas no mundo, as acções que se realizam no campo da Sida podem esquematizar-se do seguinte modo: promoção de campanhas de sensibilização, programas de prevenção e educação à saúde, sustento dos órfãos, distribuição de medicamentos e alimentos, assistência ao domicilio, hospitais, centros, comunidades terapêuticas que concentram sua obra no cuidado e na assistência ao enfermo de VIH/Sida, na colaboração com os governos, na atenção nos cárceres, mediante cursos de catequese, elaboração de sistemas de ajuda através da Internet, e instituição de grupos de apoio ao enfermo. Junto a este incalculável e louvável compromisso, o Papa João Paulo II instituiu a 12 de Setembro de 2004 a Fundação «O Bom Samaritano», confiada ao Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, e confirmada pelo Papa Bento XVI, para levar, graças às doações que se recebem, uma ajuda aos enfermos mais necessitados do mundo, em particular às vítimas do VIH/Sida. Neste primeiro ano de actividade da Fundação, foram enviadas às igrejas locais na américa, Ásia, África e Europa importantes ajudas financeiras para a compra de medicamentos.
8. Desejo sugerir algumas de linhas de acção aos que estão comprometidos, em vários níveis, na luta contra o VIH/Sida.
–às comunidades cristãs, para que continuem a promover a estabilidade familiar e a educação de seus filhos no recto entendimento da actividade sexual, como dom de Deus para uma entrega amorosamente plena e fecunda.
–aos governos, para que promovam a saúde integral da população e favoreçam a atenção aos enfermos de Sida, baseando-se nos princípios de responsabilidade, solidariedade, justiça e equidade.
–às indústrias farmacêuticas, para que facilitem o acesso económico aos medicamentos antiretrovirais para tratar o VIH/Sida e aos tratamentos necessários para curar as infecções oportunistas.
–aos homens da ciência e aos agentes de saúde, a fim de que renovem a solidariedade em si, fazendo todo o possível para fazer progredir a pesquisa biomédica sobre o VIH/Sida com o fim de encontrar novos e eficazes medicamentos capazes de deter o fenómeno.
–aos meios de comunicação, para que proporcionem às populações uma informação transparente, correta e verdadeira sobre o fenómeno e sobre os métodos de prevenção, sem instrumentalizações.
9. Quero concluir com as palavras do Papa Bento XVI dirigidas aos bispos da África do Sul em visita “ad limina apostolorum”, a 10 de junho de 2005: “Irmãos bispos, partilho a vossa profunda preocupação pela devastação causada pelo ví­rus da Sida e pelas doenças vinculadas a ele. Rogo em particular pelas viúvas, pelos órfãos, pelas mães jovens e pelas pessoas cuja vida se despedaça devido a esta cruel epidemia. Exorto-vos a progredir nos vossos esforços para combater este ví­rus que não só causa a morte, mas ameaça seriamente a estabilidade económica e social do continente».
Cardeal Javier Lozano Barragán
Presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde