Fundado em 1955, o Centro Franciscano de Estudos Orientais Cristãos celebra 50 anos de trabalho e dedicação, que fizeram dele uma instituição de referência.
Fundado em 1955, o Centro Franciscano de Estudos Orientais Cristãos celebra 50 anos de trabalho e dedicação, que fizeram dele uma instituição de referência. a Custódia da Terra Santa escolheu Jerusalém para celebrar com solenidade os cinquenta anos do Centro Franciscano de Estudos Orientais Cristãos (CFEOC). De facto é uma fundação sua, que data de Setembro de 1954, e tem a sua sede no convento franciscano de Mouski, no Cairo.
Quando foi fundado tinha-se uma ideia bastante vaga do que o centro havia de ser. Foram os responsáveis do CFEOC que, pouco a pouco, definiram o caminho a seguir e, entretanto, conseguiram granjear-lhe um lugar e um peso, que fazem desta instituição uma referência insubstituível no contexto árabe-cristão.
O CFEOC encontrou a sua vocação na pesquisa, orientando-a em duas direcções: por um lado promover o estudo das comunidades cristãs do Médio Oriente; por outro, dar impulso à investigação da história da Terra Santa, com particular interesse pelo período bizantino e pelo das Cruzadas.
Biblioteca de 100 mil volumes
O resultado que dá mais nas vistas é uma biblioteca a que todos reconhecem o mérito de preencher uma séria lacuna que se sentia no Cairo. Já atingiu os 100. 000 volumes e juntou uma vasta colecção de revistas das suas áreas de interesse. Interessa-lhe tudo o que foi escrito em árabe sobre temas cristãos, a partir do século VIII. assim, já conseguiu juntar inúmeros manuscritos e obras de grande valor, publicadas por autores cristãos da Idade Média: umas que se destinam aos cristãos com a exposição da doutrina, outras da área da polémica e da apologética, que visam o diálogo com os muçulmanos. ali se encontram os textos de liturgia, homilética, direito canónico, devoção, tratados de filosofia e teologia dogmática, moral e apologética das várias Igrejas orientais (sobretudo armena, copta e siríaca), publicados pelos séculos fora até aos nossos dias. a biblioteca é forte na área da história e arqueologia.
No esforço de recolha de tudo o que tem valor documental e de memória, ao lado da biblioteca vai-se formando um museu, onde são guardados elementos de arqueologia, cerâmica, moedas, restos de outras expressões artísticas, como escultura e pintura.
Vocação científica e ecuménica
a biblioteca não é só a menina dos olhos do centro. É também o motor que domina toda a sua actividade: é a partir da biblioteca que o CFEOC concretiza a sua vocação científica, ecuménica e de diálogo inter-religioso. Para os estudos ali produzidos, a biblioteca edita uma colectânea Studia Orientalia Christiana, que já vai no seu 38º volume e quase outras tantas monografias. E está a crescer também a colaboração de investigadores externos, sobretudo de universidades europeias. Mas o desenvolvimento que o CFEOC mais acarinha é a oportunidade de consulta que a biblioteca oferece num ambiente onde é a única do seu género. as Igrejas orientais encontram ali riqueza de documentação sobre elas mesmas e a maneira como são acolhidos os seus estudantes favorece o espírito ecuménico. Contudo o que mais alegra o centro é ver como a biblioteca começa a ser procurada e frequentada pelos muçulmanos. Estudantes universitários vêm ali à procura de material que em mais lado nenhum podem encontrar. Para com estes sobretudo o centro tem uma atenção especial. Não só lhes abre a biblioteca, mas presta mesmo assistência para a consulta das obras e acompanha nos estudos. Já foram preparadas algumas dissertações a partir daqui. Os campos que se têm revelado de maior interesse para os muçulmanos são o Império Bizantino e as Cruzadas.
Menções de Portugal
a comemoração juntou Franciscanos e Salesianos, com os respectivos estudantes e professores de Teologia. Um papel de relevo foi dado ao Studium Biblicum Franciscanum – outra grande instituição académica da Custódia. Houve muitos convidados das autoridades eclesiásticas, congregações religiosas e instituições cristãs da Terra Santa.
a comemoração foi ilustrada por uma apresentação multi-média e uma exposição sobre os marcos históricos da presença franciscana no Oriente, desde o século XIII: aí veio à ribalta duas vezes o nome de Portugal.
Uma vez, para recordar que foi a intervenção de Portugal, por meio de um corpo expedicionário enviado de Goa, que salvou in extremis o reino do Preste João – a Etiópia – livrando-o de cair nas mãos dos Turcos. O heróico martírio do comandante português foi o preço da sobrevivência daquele que fora por muitos séculos antes e havia de continuar a ser por alguns mais depois o único país cristão de toda a África.
a segunda menção foi para o franciscano português Frei Pantaleão de aveiro. Foram citadas passagens elucidativas e referidos episódios interessantes da sua obra publicada em 1596 Itinerário da Terra Santa e seus particulares.
De Jerusalém