O cargo de esmoler não é de agora. Tem séculos de existência, mas nunca esteve tão ativo como agora, para este auxí­lio de proximidade. ativo e provocante
O cargo de esmoler não é de agora. Tem séculos de existência, mas nunca esteve tão ativo como agora, para este auxí­lio de proximidade. ativo e provocanteJunto à Praça de São Pedro, no Vaticano, foi aberto um posto de saúde para apoio dos sem-abrigo. Depois dos chuveiros e da barbearia, é mais uma estrutura dedicada aos pobres da cidade. Nada de anormal, poderíamos pensar. Mas é mais um gesto de misericórdia a que já nos habituou o Papa Francisco. O rosto de todas as iniciativas de solidariedade é o padre Conrado Krajewski, um polaco que o Papa quis nomear bispo para coordenar toda a sua atividade benfazeja. Não serás um bispo de secretária, nem te quero ver atrás de mim nas celebrações. Quero-te sempre no meio das pessoas. Tu deverás ser a minha mão para levar uma carícia aos pobres, aos deserdados e aos últimos. Em Buenos aires com frequência saía para ir ao encontro dos mais pobres. agora já não posso: é difícil sair do Vaticano. Então fá-lo-ás tu por mim, serás o prolongamento do meu coração que os alcança e lhes leva o sorriso e a misericórdia do Pai celeste. São deste teor as instruções de Francisco ao padre Conrado – assim o chamam os pobres que ele assiste. Levando a sério a sua missão, este bispo visita habitualmente as localidades mais pobres de Roma e da periferia, desde lares de idosos às estações de caminhos de ferro onde cerca de 500 pessoas se enfileiram todas as noites à espera da sopa dos pobres, distribuída por organizações de solidariedade. Foi em nome do Papa que o Esmoler se deslocou à ilha de Lampedusa, já depois do naufrágio que matou 350 imigrantes clandestinos. Esteve lá quatro dias e distribuiu 1. 600 cartões de telefone aos sobreviventes, para contactarem as suas famílias. O meu objetivo é este, diz Krajewski: estar com as pessoas e partilhar as suas vidas, nem que seja por 15, por 30 ou 60 minutos. O cargo de esmoler não é de agora. Tem séculos de existência, mas nunca esteve tão ativo como agora, para este auxílio de proximidade. ativo e provocante. a um cardeal, não identificado, que se orgulhava de dar todos os dias dois euros a um pedinte numa rua próxima do Vaticano, o bispo Conrado não se coibiu de lhe dizer: Eminência, isso não é dar uma esmola. Para dar uma esmola tem de lhe custar. Dois euros não são nada para si. Pegue nessa pessoa pobre, leve-a para o seu apartamento, deixe-a tomar um banho – e a sua casa de banho ficará a cheirar mal por três dias – e quando ela estiver no duche, faça-lhe café e sirva-lho, e se for preciso dê-lhe uma camisola sua. Isso é que é dar uma esmola. alguns dirão: isto não resolve os problemas dos pobres. Mas são sinais de uma maior abertura da Igreja no campo assistencial. E são um estímulo para outros sectores da Igreja, talvez ainda fechados nos seus próprios problemas e pouco abertos às periferias.