São freguesias de Lisboa, a Junta de Freguesia de Santo antónio e a de arroios. São entidades a praticar a solidariedade, cada uma à sua maneira, que servem de exemplo às mais de 3 mil freguesias portuguesas
São freguesias de Lisboa, a Junta de Freguesia de Santo antónio e a de arroios. São entidades a praticar a solidariedade, cada uma à sua maneira, que servem de exemplo às mais de 3 mil freguesias portuguesas a semana passada abriu o primeiro supermercado social de Lisboa destinado a apoiar as famílias com menos recursos económicos. Falamos do espaço Valor Humano, localizado na Calçada Moinho de Vento, iniciativa da Junta de Freguesia de Santo antónio. Segundo Vasco Morgado, presidente da Junta, referiu à Lusa, o supermercado é um passo à frente no apoio social, já que vai substituir a entrega de saquinhos de comida que não traz dignidade a quem é apoiado.
No Valor Humano as famílias beneficiárias têm o poder de escolha sobre os produtos que precisam e que querem comprar, através de créditos atribuídos pela Junta de Freguesia, apelidados de Santos antónios e que funcionam como moeda de troca.

O supermercado tem um bocadinho de tudo, desde produtos alimentares e higiénicos ao vestuário e materiais didácticos, excepto carne e peixe por questões de segurança alimentar. Os produtos disponibilizados resultam de doações dos comerciantes da freguesia, como referiu o autarca, acrescentando que o supermercado tem, neste momento, artigos no valor total de cerca de 15 mil euros. Porque não só de comida se vive, como sublinhou o presidente à agência Lusa, serão disponibilizados brinquedos, jogos e livros, pelo que se trata de uma protecção da pessoa em si numa totalidade.
O supermercado destina-se apenas aos residentes desta freguesia, tendo em conta a condição social em que se encontram. Prevê-se que abranja mais de 1. 000 pessoas de 360 famílias. a Fundação Portugal Telecom, através da sua directora Graça Rebocho, apoiou a transformação e adaptação do espaço, sendo o trabalho feito através do voluntariado de filhos de colaboradores desta instituição, que montaram as prateleiras, fizeram a limpeza e colocaram os produtos.

arroios inaugurou a semana passada uma república para sem-abrigo, sendo uma casa com capacidade para quatro pessoas, três das quais serão residentes fixos. É um projecto inovador pensado para os que vivem na rua, e nasce de uma parceria entre a Junta de Freguesia e o Centro Social e Paroquial de São Jorge de arroios: a República para sem-abrigo foi inaugurada quarta-feira passada.
O Centro, que tem sido pioneiro em várias respostas sociais, abriu recentemente três Repúblicas Seniores para idosos que viviam sozinhos, e que agora partilham despesas e companhia (repúblicas Dona Leonor, São Jorge e Madre Teresa). a iniciativa agradou à Junta que propôs, então, ao Centro fazer o mesmo para os sem-abrigo.
Nesta república cada um terá um quarto, existindo depois espaços comuns, como a sala, a cozinha, a casa de banho e um pátio exterior. as despesas fixas (água, luz, televisão, telefone e limpeza) serão divididas, consoante as possibilidades: as pessoas vivem com muito poucos rendimentos, mas vão ter também as suas responsabilidades, será uma forma de inclusão.

Margarida Martins, presidente da Junta de arroios, lembra que as duas entidades já colaboram há muito no acompanhamento e apoio aos sem-abrigo, e que aqui continuam a dividir responsabilidades: a Junta ajudou na montagem da casa, e pagamos a renda. Depois há todo um trabalho feito pelo Centro Paroquial, a nível do encaminhamento das pessoas, do seu processo de inclusão e ao nível do apoio alimentar.
O objectivo é que a República funcione como uma casa partilhada: o máximo que vai ter são três pessoas fixas e uma pessoa em regime de emergência, explica a autarca, acrescentando que todos os utentes estão referenciados pelas equipas técnicas, quer da Junta, quer do Centro Social, porque são pessoas que já acompanhamos há algum tempo.

Lembramos que arroios é uma zona de Lisboa onde há mais pessoas sem-abrigo e que alojá-las (dando condições de vida) nem sempre é fácil, como refere a presidente: há muitas pessoas que se recusam a estar dentro de casa, há resistências. São pessoas que estão a fazer tratamentos, há situações graves, pessoas com doenças do foro psicológico, que têm de ser tratadas. Por isso é preciso haver uma sensibilização de todos os serviços e entidades.
Este projecto é um bom exemplo de colaboração entre entidades diferentes, a Junta e o Centro Paroquial Social, que asseguram o acompanhamento de proximidade dos utentes. Quem dera que mais freguesias olhassem para estes casos que mencionamos acima e assumissem uma postura de solidariedade social com tantas famílias e pessoas carenciadas que sofrem no dia-a-dia.