Muitas pessoas encaram o trabalho como um fardo, sobretudo quando é feito pela necessidade de sobrevivência. No entanto, o simples fato de se ter um emprego e daí­ auferir rendimento, deve merecer mais respeito
Muitas pessoas encaram o trabalho como um fardo, sobretudo quando é feito pela necessidade de sobrevivência. No entanto, o simples fato de se ter um emprego e daí­ auferir rendimento, deve merecer mais respeito a economia portuguesa nunca esteve tão periclitante como agora, por isso um emprego até ao final de carreira já está fora de causa. O desemprego aumentou esponencialmente, colocando em perigo a maior parte das economias familiares, ao ponto de as atirar para a dependência da caridade alheia. Há mais de uma dezena de anos que os portugueses vão sentindo diáriamente a miséria a entrar nas suas casas, por desemprego: pagamento de impostos excessivo, perca do poder de compra, mais custos nos serviços prestados pelo Estado, como saúde, educação e tantos outros setores.
apesar de tudo isso, há instituições que não mudaram a sua postura, nomeadamente os sindicatos dos trabalhadores, seja da função pública, tansportes, professores ou outros. Os dirigentes destes sindicatos continuam a lutar pelos direitos dos trabalhadores, mas a verdade é que o mundo laboral mudou, quase todo o tecido económico também, pelo que os direitos e garantias salariais estão postos em causa há muito tempo, não havendo Constituição que lhes valha.

Por outro lado há o desequilibrio acentuado da evolução demográfica em Portugal, com a natalidade em queda e a esperança média de vida em subida consecutiva, o que nos atira para um desafio de gerações. Em 2014 havia 138 idosos por cada 100 jovens. Este retrato do envelhecimento geral da população reflete-se naquela que está ativa e na vida das empresas. Recuando a 1991 verificamos que os Census realizados pelo INE revelavam a existência de 3,17 milhões de trabalhadores por conta de outrem. Destes, cerca de 1,1 milhões (34%) tinham mais de 40 anos. Em 2011, eram já 1,5 milhões dos 3,79 milhões de trabalhadores por conta de outrem e, em 2015, já tinham aumentado para 54%: dos 3,7 milhões de trabalhadores dependentes, 2 milhões têm 40 ou mais anos. Esta é a realidade atual com que os empregadores, na sua generalidade, se deparam e que em grande parte motivam também a precaridade dos postos de trabalho.

Quando estamos a falar de emprego, ou da falta dele, também estamos a aferir da responsabilidade do Estado. Cabe a este a organização política e económica do país e portanto a execução das políticas e dos consensos necessários com sindicatos e empregadores, tal é da sua responsabilidade.
as políticas económicas têm que ser baseadas no crescimento, pois se este não existir nunca será possível criar mais empregos e aumentar a massa salarial. Mas os sucessivos Governos que tivemos ao longo dos últimos anos até sabiam disso, prova é que houve responsáveis a prometer mais emprego e mais dinheiro, mas tal não aconteceu.

Haverá condições, apesar da crise que subsiste em Portugal e na Europa, de inverter este tipo de situações? Muito sinceramente não nos parece nada fácil encontrar soluções assertivas, mas estamos certos que a radiografia feita por reputados economistas portugueses e europeus poderá ser útil ao atual Governo, assim haja força política para seguir essas premissas.
afinal quase tudo se resume a duas coisas: delinear e executar políticas económicas corretas no que respeita ao crescimento, facilitando o investimento, e comprimir a despesa, especialmente com organismos do Estado, ou dependentes dele.
Claro que ainda mais importante seria uma verdadeira reforma de Estado, não esquecendo as reformas políticas de fundo, como por exemplo devolver aos cidadãos a democracia plasmada na Constituição, mas que os partidos políticos e os seus protagonistas indevidamente se apropriaram.