Como tratamos as pessoas com deficiência inteletual, aceitamo-las como elas são, ou afastamo-nos ao invés de lhes dar o nosso carinho? Todas as pessoas com capacidades diminuí­das têm direito a um apoio redobrado
Como tratamos as pessoas com deficiência inteletual, aceitamo-las como elas são, ou afastamo-nos ao invés de lhes dar o nosso carinho? Todas as pessoas com capacidades diminuí­das têm direito a um apoio redobrado a deficiência inteletual carateriza-se por um funcionamento inteletual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas, como a comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções académicas, lazer e trabalho, que ocorrem antes dos 18 anos de idade.
Em Portugal há várias instituições que se dedicam ao apoio e promoção do Cidadão Deficiente Mental, de forma a que possam desenvolver as suas capacidades com qualidade de vida. a inclusão das pessoas com deficiência ou incapacidade na sociedade e no respeito pelos princípios que consagram o direito ao exercício de plena cidadania, são objetivos pelas quais essas instituições lutam.

abordamos hoje este tema acicatados por uma notícia proveniente de Itália que dava conta da realização da Jornada Nacional da Pessoa com Deficiência Inteletual, evento que ocorreu em 30 de Março passado. a celebração teve honras de transmissão televisiva direta pela RaI e durante o programa foram apresentados vários testemunhos pessoais de pessoas com deficiência e familiares. Destaque para o jovem Gabriele Naretto, autista e deficiente visual, que executou ao piano duas peças musicais de George Gershwin. No final do evento, o presidente de Itália Sergio Mattarella, fez um discurso lembrando que, em 2007, o governo italiano assinou a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e afirmou ainda que aquelas disposições integram hoje a sua ordem jurídica.

algumas afirmações do presidente de Itália merecem ser meditadas, pois são uma lição para todos nós. Damos como exemplo: a deficiência não é doença, nem um problema a ser carregado pelo indivíduo e seus familiares. as condições de deficiência tornam-se graves se o mundo ao redor não levar em conta a diversidade e transformar as diferenças em fator de exclusão. as barreiras são criadas, acima de tudo, pelos limites da nossa organização social e pelas nossas deficiências culturais, começando pelos lentos reflexos diante dos obstáculos que impedem a plena expressão da personalidade.
Em conclusão, o presidente de Itália assumiu que um país é mais rico quando entende a diversidade como fator de riqueza; é mais pobre quando comprime a liberdade de alguns, fazendo-os sentir-se marginalizados e limitando as suas possibilidades e talentos. É preciso ter a coragem de sentir-se cidadãos e trabalhar por um país melhor.

atrás falamos da deficiência inteletual como caso específico, mas a deficiência do cidadão é muito mais ampla, englobando vastas áreas desde a audição, a fala, a cegueira, a locomoção e outras. Em Portugal há mais de um milhão de indivíduos portadores de deficiência com os problemas inerentes às suas incapacidades, mas a nossa sociedade tarda em responder aos desafios destas carências. No que respeita à locomoção, por exemplo, ainda faltam os acessos adequados aos urbanística (repartições públicas, escolas, habitações) e transportes públicos; estão por cumprir as leis que estabelecem incentivos para o emprego de pessoas com deficiência, segundo afirma a Confederação Nacional das Organizações de Deficientes (CNOD), que é constituída por 38 associações de pessoas com deficiência.

Mas há também as crianças ou jovens com deficiência que necessitam de apoio pedagógico. Segundo uma notícia divulgada pela agência Lusa, o número de crianças ou jovens com deficiência que recebem subsídio por educação especial caiu mais de 69% entre julho e agosto, havendo atualmente 1. 401, segundo os dados do Instituto de Segurança Social.comparando com o mês de julho, registou-se uma quebra de 69,4%, ou seja, 3. 181 pessoas deixaram de receber este apoio. O que acima descrevemos são apenas alguns exemplos num mundo em que cerca de 10% da população, 650 milhões de pessoas, vivem com uma deficiência.