as pessoas com baixos rendimentos foram as que mais sofreram com as medidas de austeridade, e as mais afetadas em termos de saúde mental, revela um estudo da Universidade de Coimbra
as pessoas com baixos rendimentos foram as que mais sofreram com as medidas de austeridade, e as mais afetadas em termos de saúde mental, revela um estudo da Universidade de Coimbra Uma investigação com base numa análise às consultas e internamentos nos serviços de psiquiatria revela que a crise teve impacto na saúde mental dos portugueses, em especial nos desempregados, idosos, pessoas com baixos rendimentos, ou com maior probabilidade de isolamento social, como é o caso de viúvos, divorciados e solteiros. Segundo o estudo, coordenado pelo Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra, entre 2007 e 2012, registou-se um aumento de consultas em psiquiatria nos solteiros (45 por cento), nos viúvos (30), nos desempregados (63), estudantes (63), nos reformados (27) e nos sem atividade (38%), nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Nas consultas, verificou-se ainda um aumento em ambos os géneros, e em especial nos grupos etários dos 30 aos 49 anos (mulheres 11 por cento e homens 22) e dos utentes com mais de 65 anos (mulheres 42 por cento e homens 47). No mesmo período, houve um incremento de internamentos para o grupo etário dos 50 aos 64 anos (17,7 por cento), para o grupo dos divorciados (19,2) e para os desempregados (43). Em declarações à agência Lusa, a psiquiatra e uma das investigadoras, Graça Cardoso, sublinha que em momentos de crise, há que garantir serviços e apoios para minimizar os efeitos da mesma, mas em Portugal cortou-se a eito, com pouco cuidado e deixando desprotegidas as pessoas que já estavam mais vulneráveis. a especialista adianta ainda a necessidade de um reforço dos serviços de saúde mental na comunidade e de cuidados primários, acompanhado por políticas sociais dirigidas para os grupos mais vulneráveis.