O Tribunal Internacional de Opinião julgou a dívida externa e condenou o governo espanhol, as empresas multinacionais, e as instituições financeiras internacionais pelos danos causados.
O Tribunal Internacional de Opinião julgou a dívida externa e condenou o governo espanhol, as empresas multinacionais, e as instituições financeiras internacionais pelos danos causados. O julgamento estava organizado pela campanha Quem deve a quem? que de modo simbólico pretendia chamar a atenção da opinião pública. a campanha é uma iniciativa de várias organizações não governamentais e colectividades espanholas que pretendem sensibilizar os cidadãos e exercer pressão política em relação ao problema da dívida externa dos países mais pobres.
Esta dívida provoca prejuízos económicos, empobrecendo os povos; ecológicos, deteriorando o meio ambiente, danos que se transmitem às gerações futuras; e do ponto de vista social, destruindo a convivência e a organização política, impedindo o desenvolvimento dos povos e destruindo o próprio tecido social, com repercussões especialmente nos menos favorecidos.
Do tribunal faziam parte: Félix Pantoja (Decano do corpo investigativo do tribunal Superior da Justiça de Madrid; Itziar Ruiz-Gimenez, professora de ciências políticas e relações internacionais da Universidade autónoma de Madrid (UaM); Juana Calfuano, líder indígena; e Carlos Berzosa, reitor da Universidade Complutense de Madrid.
as acusações basearam-se nos testemunhos de representantes da argentina, Congo, Filipinas, Perú, Colômbia, Equador, Uruguai, Brasil e Espanha. Estes falaram das consequências políticas, económicas, sociais e ecológicas da dívida externa nos seus países e no mundo.
O júri estava constituído por representantes de cidadãos e cidadãs tanto do hemisfério norte como do hemisfério sul, pessoas de diferentes áreas e sensibilizados para o problema da dívida externa. Sentados nos bancos do júri estavam: Carlos Taibo, professor de ciências políticas da UaM; Rosa Regás, escritora; Javier Ortiz, jornalista; Cesar Carrillo, sindicalista colombiano; Remei Sipi, presidente da federação de associações de guineenses da Catalunha; Chini Rueda, teóloga; e Belén Gopegui, escritora.
Na sentença declarou-se provado, entre outras coisas, que o pagamento da dívida externa cobra diariamente a morte de muitas pessoas e é uma das principais causas da violência estrutural e da violação sistemática dos direitos humanos, que afectam grande parte da população mundial. É uma dívida ilegítima: foi contratada com regimes ditatoriais, sem a participação do povo; os juros aplicados podem ser classificados como usura e já foi mais que paga.
Foi também contemplada a existência de uma tremenda dívida do norte para com o sul, na qual se podem identificar vários factores: históricos, anos e anos de saqueio e dominação; ecológicos, no norte estão os países que mais contaminam o ambiente; sociais, também o norte é responsável por violações sistemáticas dos direitos humanos; políticos e culturais.
a sentença, como não podia deixar de ser, condena o governo espanhol, as instituições financeiras e comerciais internacionais, assim como as empresas multinacionais espanholas. Estes devem reconhecer os direitos dos povos do hemisfério sul e organizar meios para o perdão da dívida, não perpetuando esta armadilha no futuro.