O Papa Bento XVI falou de “uma cooperação mais efectiva” entre judeus e católicos, ao receber a 14 de Novembro uma delegação do Centro Simon Wiesenthal, com sede nos Estados Unidos.
O Papa Bento XVI falou de “uma cooperação mais efectiva” entre judeus e católicos, ao receber a 14 de Novembro uma delegação do Centro Simon Wiesenthal, com sede nos Estados Unidos. Durante a audiência privada, o Papa recordou: este ano marca o 40º aniversário da declaração do Concílio Vaticano II Nostra aetate, que formulou os princípios que guiaram o esforço da igreja para promover um melhor entendimento entre judeus e católicos. Depois de uma história difícil e dolorosa, as relações entre as nossas duas comunidades estão agora a tomar uma direcção nova e mais positiva.
Temos que continuar a avançar no caminho do respeito mútuo e do diálogo, inspirados pela herança espiritual que partilhamos, comprometidos com uma cooperação mais efectiva ao serviço da família humana, acrescentou o Santo Padre. Os cristãos e os judeus podem fazer muito para permitir que as gerações futuras vivam na harmonia e no respeito pela dignidade que todos os seres humanos receberam do criador. Tenho a esperança, partilhada por homens e mulheres de boa vontade em todo o mundo, de que este século vai ver o nosso mundo emergir da rede de conflito e violência, e semear as sementes para um futuro de reconciliação, justiça e paz. Sobre todos vós invoca uma abundância de bençãos divinas.
Nas palavras que dirigiu ao Papa, o rabi Marvin Hier, fundador e presidente do Centro Simon Wiesenthal, agradeceu o convite para dialogar e partilhar perspectivas, particularmente nestes momentos críticos de um mundo desesperado por clareza moral e civilização.
É muito apropriado que a terceira visita do Centro Wiesenthal ao Vaticano coincida com o 40º aniversário de Nostra aetate, a histórica declaração do Concílio Vaticano II que condenou o anti-semitismo dirigido contra os judeus em qualquer momento histórico e por qualquer pessoa. Foi essa declaração que preparou o caminho para encontros como este.
antes desse passo histórico, os judeus foram muitas vezes maltratados e desrespeitados como um povo amaldiçoado. Milhões sofreram ao longo dos tempos porque não havia ninguém que os defendesse.
O rabi continuou: Só nos nossos tempos, uma mão cheia de grandes líderes, com o Papa João XXIII à cabeça, reuniram a coragem para levantar a voz contra estas flagrantes violações da lei de Deus; nenhum com maior convicção e determinação que João paulo II, cuja mensagem de amizade e inclusão do povo judeu tocou os corações de milhões de pessoas em todo o mundo.
Há algumas semanas, continuou o rabi, a humanidade perdeu outro homem de grande convicção, Simon Wiesenthal, muitas vezes referido como a consciência do holocausto, que perdeu 89 membros da sua família e emergiu do inferno dos campos da morte, não para procurar vingança, mas procurando justiça para todos aqueles que já não podiam falar por eles próprios.
Tragicamente, a mensagem de Wiesenthal continua a ser actual. apenas 60 anos depois de auschwitz, o anti-semitismo encontrou uma vez mais terreno fértil na Europa, ameaçando a estabilidade dos judeus e das instituições judias, advertiu. Hoje a maior ameaça para a humanidade não são os seculares e ateístas, mas os fanáticos religiosos. Hoje aqueles que ajudam a recrutar e inspiram terroristas a assassinar civis inocentes, fazendo promessas de um lugar no paraíso, não são líderes políticos sem Deus, mas líderes religiosos islâmicos fundamentalistas que alegam obediência ao seu criador.