é claro que é importante que os cuidados de saúde hospitalares possam ser acessí­veis a todos. Mas é particularmente relevante que cada família possa ser acompanhada pelo seu médico de família.com tempo para ouvir, compreender e diagnosticar
é claro que é importante que os cuidados de saúde hospitalares possam ser acessí­veis a todos. Mas é particularmente relevante que cada família possa ser acompanhada pelo seu médico de família.com tempo para ouvir, compreender e diagnosticarEscrevi há tempos que as desigualdades sociais fazem mal à saúde. E este é o primeiro traço que gostaria de deixar. Recordo-me de ver escrita num muro da Universidade Nova de Lisboa a frase: Os ricos com médicos privados e os pobres privados de médicos. Pelo menos, dá que pensar. Pensar sobre o sentido de um Serviço Nacional de Saúde (de que celebrámos já o 35º aniversário). Pensar se não teremos um país a duas velocidades em matéria de saúde: para os que podem e para os que não podem pagar. De facto, sabemos todos também que a saúde não tem preço, mas que os cuidados de saúde têm custos. De que modo promovemos entre nós a equidade? Ou desistimos? Ou resignamo-nos como se as injustiças fossem uma fatalidade?O Papa Francisco afirma que a desigualdade é a raiz dos males sociais. Por isso recomenda vivamente que o nosso pensar e o nosso agir não se exerça sobre os efeitos, as eventuais consequências por nós observadas, mas tenha como objeto as estruturas, as causas da desigualdade social. O atual ministro da Saúde, Campos Fernandes, afirmava no ano passado que ao Estado caberá a responsabilidade de promover a equidade através de adequadas medidas de redistribuição social, incorporando os novos modelos de prestação de cuidados, clarificando as áreas de intervenção e definindo políticas que assegurem a provisão de direitos no âmbito da prestação e da qualidade dos serviços. Esperamos vivamente que esta intervenção se torne mais patente e operativa. O outro traço corresponde à necessidade de uma atenção prioritária aos cuidados primários de saúde. É claro que é importante que os cuidados de saúde hospitalares possam ser acessíveis a todos. Mas é particularmente relevante que cada família possa ser acompanhada pelo seu médico de família.com tempo para ouvir, compreender, diagnosticar e realizar as terapêuticas adequadas a cada situação pessoal. ao afirmarmos que as pessoas são mais importantes que os números, não se menosprezam os indicadores; diz-se que eles não são tudo. E que cada pessoa deve ter os cuidados de saúde de que necessita. Um último traço: os cuidados paliativos. Muito se tem caminhado, em termos de consciência, acerca da necessidade de criar uma rede de cuidados paliativos que apoiem e possam dar qualidade de vida (tratando a dor e aliviando o sofrimento) aos doentes que, estando progressivamente em fase de tratamentos não curativos, continuamos a querer acompanhados. Pelos seus familiares e por todas as outras pessoas que podem cuidar deles. até partirem. Desejavelmente em paz. Isto não depende só dos cuidados de saúde mas, no que de nós depende, que estejamos à altura das nossas responsabilidades.