Cerca de 100 anos atrás já se festejava o carnaval. as memórias de Lúcia reportam alguns pormenores quanto ao carnaval de 1918. Festejos diferentes daqueles que hoje vemos, não deixa de ser uma boa oportunidade para refletirmos
Cerca de 100 anos atrás já se festejava o carnaval. as memórias de Lúcia reportam alguns pormenores quanto ao carnaval de 1918. Festejos diferentes daqueles que hoje vemos, não deixa de ser uma boa oportunidade para refletirmosO carnaval é comemorado em quase todo o mundo, especialmente no ocidente. Há países onde estes festejos atingem um protagonismo fora do comum. Destacamos especialmente o Brasil, cuja população vive boa parte do ano a preparar esse evento. atualmente as festas carnavalescas representam uma indústria e comércio, que serve essencialmente para cativar receitas a muitos níveis, não olhando a meios. No Brasil, por exemplo, gastam-se milhões nos desfiles (com as roupas, carros, e outros), mas o fruto desses gastos cifram-se em proveitos muito vultosos. Em Portugal têm-se multiplicado também as organizações de festas carnavalescas, com e sem corso, que resultam certamente em bons lucros, de outra forma não seriam repetidos ano após ano.
Seria quase desnecessário repetir a veleidade como são encarados os temas alegóricos, pois era suposto que a ridicularização (ou críticas) a pessoas e situações servissem o objetivo de fazer rir, o que se torna saudável, mas quantas vezes apenas ficam pela intenção. Só uma coisa é certa neste tipo de corsos: a nudez levada ao extremo, embora encoberta com muita pompa e penachos.

agora vamos recuar ao tempo dos pastorinhos de Fátima. Lúcia descreve nas suas memórias que as raparigas e rapazes juntaram-se, ainda esse ano de 1918, para a costumada cozinhada e brincadeira desses dias. Cada um levava de sua casa uma coisa: uns azeite, outros farinha, outros carne, etc. e junto tudo em uma casa, para isso destinada, as raparigas aí cozinhavam um faustoso banquete. E nesses dias era comer e bailar até que horas da noite, em especial no último dia.
Lúcia foi insistentemente convidada por várias amigas para essa festa e acabou por aceitar ir nesse ano. a pastorinha diz: Cedi pois e lá fui com um bom rancho a ver o local: uma boa sala, ou quase salão, para a brincadeira e um bom pátio para o jantar.combinou-se tudo e de lá vim, exteriormente em grande festa, mas no íntimo com a consciência a dar-me gritos de reprovação.

após as aparições da Senhora, os três pastorinhos conversavam entre si sobre quase tudo, não ocultando nada que acontecia. E Lúcia disse à Jacinta e ao Francisco o que se tinha passado, e o que iria fazer. Francisco foi perentório: E tu voltas a essas cozinhadas e brincadeiras? Já te esqueceste que prometemos nunca mais lá voltar? Eu não queria ir, mas como bem vês que me não deixam a pedir-me que vá, não sei como fazer.
Francisco aconselhou-a: Sabes como vais fazer? Toda a gente sabe que Nossa Senhora te apareceu, por isso, dizes que lhe prometeste não tornar mais a bailar e que por isso não vais. Depois nesses dias escapamo-nos para a Lapa do Cabeço, lá ninguém nos encontra.
Lúcia ficou convencida e aceitou a proposta. Dando a conhecer a sua decisão às amigas, já ninguém pensou mais em organizar tal assembleia. E acrescenta: Essas amigas que antes me procuravam para se divertir, agora seguiam-me e vinham procurar-me a casa aos Domingos pela tarde para ir com elas rezar o terço à Cova da Iria.
Notemos que as festas de Carnaval descritas pela Lúcia constavam de uma assembleia (reunião) de rapazes e raparigas que se juntavam para conviver, comendo e bailando. Olhando para os dias de hoje bem podemos dizer: Quão longe vão esses tempos em que o carnaval era comemorado comendo, cantando e bailando, ou seja em camaradagem e sã alegria.

Concretamente o dia de carnaval é na terça-feira e no dia seguinte a Igreja comemora o primeiro dia da Quaresma, quarta-feira de cinzas. Esta simbologia destina-se a lembrar aos cristãos o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a efémera vida humana sujeita à morte. Nas cerimónias desse dia o sacerdote impõe as cinzas na fronte dos crentes para recordar a mortalidade da própria mortalidade. Lembra-te que és pó e em pó te ades tornar. Este gesto simbólico relembra a antiga tradição do Médio Oriente de atirar as cinzas sobre a cabeça como desejo do arrependimento perante Deus, como tantas vezes é relatado pela Bíblia. afinal conversão e mudança de vida também Nossa Senhora pediu através dos pastorinhos, será esse o nosso desejo para esta quadra?