Sair de nossa casa e ir ao encontro do desconhecido não é fácil. Por muitas preparações, fotos e testemunhos que possamos ter visto e ouvido, nunca é o suficiente para acalmar o coração na hora da partida
Sair de nossa casa e ir ao encontro do desconhecido não é fácil. Por muitas preparações, fotos e testemunhos que possamos ter visto e ouvido, nunca é o suficiente para acalmar o coração na hora da partidaHá perguntas que nos assolam: será que vou aguentar? Será que é mesmo isto por que espero há tantos anos? Estou a fazer o que é certo? Mas quando aterramos, o calor nos recebe e as irmãs nos acolhem, percebe-se que agora já está. Os medos e as dúvidas ficam esquecidos e queremos aprender tudo. Há um inteiro desconhecido que queremos aprender e tornar conhecido. Lembro-me que os primeiros tempos foram difíceis. O clima, a separação do nosso “mundo”, a dificuldade de comunicação, o entender toda aquela realidade, a nova língua (a língua oficial é o português mas poucos a usam no dia a dia)… apesar disso, o tempo passava demasiado rápido. Fomos superando as dificuldades. Trabalhando e lidando com as pessoas, percebendo as suas dificuldades fomos aprendendo, crescendo e relativizando a vida. Percebemos e vivenciámos o verdadeiro sentido da partilha, pois lá ninguém fica sem teto, e do pouco arroz que possam ter, dá para mais uma mão que chega.com as crianças, vimos a alegria, os sorrisos sinceros, as brincadeiras e também o trabalho.com tão pouco, com tantas dificuldades e pobreza, são felizes. Quando ao fim de uns tempos já íamos conseguindo comunicar em crioulo, foi quando nos sentimos mais em comunhão com aquelas gentes. Se sair da nossa casa para o desconhecido não é fácil, sair do (des)conhecido para a nossa casa é ainda mais difícil. O meu coração está na Guiné, e espero poder voltar.