«Manifestar-se-á a glória do Senhor, e toda a criatura verá o Salvador que nos envia o nosso Deus»
«Manifestar-se-á a glória do Senhor, e toda a criatura verá o Salvador que nos envia o nosso Deus» Hoje, na minha mente e no meu coração, vou de viagem. Vou a cavalo num burrinho de Nazaré até Belém, uns 150 quilómetros. admiro a paisagem, perscruto os outros viajantes. Noto uma jovem de rara beleza, obviamente em estado avançado de gravidez, a cavalo num burrinho, seguida por um homem um pouco mais idoso que ela. Sigo atrás deles. De vez em quando têm de parar porque a jovem, Maria de Nazaré, vai nos últimos dias da sua gravidez, e a viagem torna-se por vezes um martírio para ela. Seu esposo José mostra sinais de muito carinho e amor para com ela. Chegamos finalmente a Belém, terra dos nossos antepassados, onde devemos ir registar-nos ao escritório do representante de César augusto, imperador de Roma, que quer saber quantas pessoas vivem no seu império. José vai à estalagem para ver se encontra um lugar para pernoitarem. Nada. Dirige-se a várias casas de parentes, nada, tudo cheio. Finalmente alguém lhes diz que, se quiserem, podem pernoitar no curral dos seus animais. José fala com Maria, aceitam. Penso no que se passa no coração de José. O Senhor Deus escolhera-o para ser pai legal do Seu Filho na terra, e ele, pobre José, não consegue encontrar um lugar decente para a sua esposa Maria dar ao mundo aquele que vem salvar a humanidade dos seus pecados e crimes. É uma humilhação que, na sua humildade, ele aceita, mesmo se com tristeza. E é triste que na Terra dos Homens não haja um lugar para a Mãe do Filho de Deus dar à luz o Redentor da humanidade. E Deus nasce num curral, então, e muito nos nossos dias, mesmo em terras que já se sentiram honradas por pertenceram ao Senhor Jesus e à Virgem Santa Maria.como dizia o profeta Jeremias, não há nada de mais enganoso que o coração humano, incorrigíveis são os seus pensamentos (Jeremias 17,9). Depois vem a reviravolta produzida por Deus. anjos, pastores, Reis Magos nossos precursores na entrada dos pagãos para o Reino, e outros, visitam o Menino na manjedoira, e pasmam admirados e repletos do mistério. Penso no nosso hoje da história, o hoje duma humanidade cada vez mais alheia a Deus e às Suas palavras, sempre à procura dos ídolos da ganância, da injustiça, de prazeres imorais oficializados por entidades por vezes da laia de Satanás e construtoras do reino da escuridão espiritual, mesmo em altas esferas da Igreja gulosas de pactuar com o “mundo” pelo qual Cristo não orou (cfJoão 17,9). E no reverso da medalha, tantos e tantas, homens, mulheres, jovens e crianças que escolhem livremente pertencer corpo e alma a Cristo, no coração e na vida – beleza espiritual incompreendida e mesmo odiada pelos glutões do crime e do pecado. Quanta gente a fazer crescer na sua vida o seu encontro com Cristo e com a Virgem Santa – a grande maravilha, acionada por Deus, dohomem-mulher-jovem-criançanum mundo pelo Senhor criado belo e bom. ajoelho também eu em Belém e respiro a beleza e a bondade inebriantes do queveemos meus olhos, lentes do meu coração! E penso como os anjos cantaram nessa noite, Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade. E agradeço ter-me sido dado de conhecer o capítulo mais belo da história da humanidade. agora, só me resta imitar a Donzela de Nazaré que conservava em si todas estas coisas, ponderando-as no seu coração (Lucas 2,19). Boas Festas sem fim!