Em conferência de imprensa, arcebispo de Paris defende papel de mediação do cristianismo e do islão na solução da crise que varre a França.
Em conferência de imprensa, arcebispo de Paris defende papel de mediação do cristianismo e do islão na solução da crise que varre a França. O cessar-fogo e a repressão não conseguem parar a onda de violência em França. Para o arcebispo de Paris, andré Vingt-Trois, é indispensável a mediação das religiões. a Igreja católica está presente. Em muitas cidades que sofreram estas violências, a Igreja está presente, lá dentro. Os bispos das dioceses mais atingidas exprimiram-se publicamente, fizeram apelos à calma, fizeram apelo aos cristãos a reagir, a viver uma melhor qualidade de presença.
Tentar fazer crer que se está perante um conflito de civilizações, é errado: Não se trata de oposição entre islão e cristianismo. assim como a atitude de colocar o cristianismo fora da vida pública, para não se ser obrigado a dar um lugar equivalente ao Islão, é um reflexo de cegueira. O arcebispo condena a atitude que pretende fazer desaparecer do tecido associativo e político as duas únicas forças que podem fazer alguma coisa, isto é os cristãos e os muçulmanos sinceramente crentes.
Os responsáveis municipais e políticos devem compreender o papel das religiões. andré Vingt-Trois socorre-se de uma imagem para explicar o seu pensamento. a crença é como a água, explica o arcebispo. Não se pode impedir a água de passar. Pode-se apagar o fogo, mas não se pode impedir a água de passar. Imaginar que por procedimentos legislativos ou administrativos se pode reprimir a religião ou grupos religiosos e impedi-los de ter a sua própria audiência é uma cegueira total.
E recorre à história que é mestra da vida: Quando convenceram Luís XIV que não havia mais protestantes, ele revogou a lei (que os proibia de manifestarem-se) e viu-se que havia ainda protestantes. Nada impediu os protestantes de existirem. Ninguém poderá impedir os muçulmanos de existir, se eles existem.
andré Vingt-Troisaponta o caminho do diálogo. a questão é de saber se somos capazes de promover um diálogo forte, onde cada um dispõe de um poder real, ou se estamos condenados a olhar-nos como inimigos cada um em sua margem de um rio e de adoptar a linha de combate e de confronto de civilizações.