O Papa abordou o tema da corrução na visita ao Quénia perante os jovens daquele país. anteriormente já o havia feito na homilia da missa da Casa Santa Marta, em Roma, o que releva o seu interesse mediático
O Papa abordou o tema da corrução na visita ao Quénia perante os jovens daquele país. anteriormente já o havia feito na homilia da missa da Casa Santa Marta, em Roma, o que releva o seu interesse mediáticoFrancisco apelou aos milhares de jovens presentes no Estádio de Kasarani, em Nairobi, para rejeitarem o açúcar da corruçao, que impede a alegria e paz interior. Em excesso leva nações e instituições a sofrer diabetes. O recinto onde decorreu o encontro com o Papa na manhã de sexta-feira passada acolheu 70 mil jovens católicos quenianos.
a corrução disse Francisco, é algo que se entranha em nós. É como o açúcar; é doce; nós gostamos; é fácil. E depois, de tanto açúcar fácil, acabamos por ficar diabéticos ou o nosso país fica diabético. E acrescentou ainda: Cada vez que aceitamos um suborno e o metemos ao bolso, destruímos o nosso coração, destruímos a nossa personalidade e o nosso país.
Esta excelente imagem expressada pelo Pontífice foi em resposta às questões que os jovens apresentaram e que passam do tribalismo à corrução. Também mencionaram outras como as redes sociais, o drama das guerras, as crianças-soldado, as trágicas pressões internacionais que destroem a alma da África, as famílias, as sociedades e o ambiente.

O Papa referiu aos jovens: a primeira coisa que um jovem deveria fazer, para evitar de cair em tais erros, é ter uma boa educação e um trabalho. Se não tiver trabalho, que futuro terá? Se não tiver educação ou qualquer atividade, o que poderá ser? Eis o perigo social que depende de um sistema injusto, cujo centro não é Deus, mas o dinheiro. Não é só na política. Em todas as instituições, incluindo no próprio Vaticano, há corrução, disse o Papa.
O Pontífice dirigiu-se diretamente aos jovens para os questionar. Esta é uma pergunta que vocês devem fazer a todas as autoridades: se um jovem não tem trabalho, não pode estudar, o que pode fazer? Torna-se delinquente? Cai na dependência das drogas? Suicida-se?.
Na Europa, disse Francisco, as estatísticas de suicídios não são conhecidas. Os jovens precisam de se envolver em atividades que lhes mostrem um propósito na vida, que os comprometa, que os seduza. a primeira coisa que devemos fazer para evitar que um jovem seja recrutado, ou queira ser recrutado, é promover a educação e o trabalho.

a abordagem ao tema da corrução feita pelo Papa na missa celebrada na Capela de Santa Marta, em 20 de Novembro passado, foi mais específica em relação à Igreja, tomando como ponto de partida o Evangelho. Francisco faz a comparação entre a época dos Macabeus, em que o espirito mundano tinha tomado o lugar da adoração ao Deus Vvivo e os escribas. Estes entraram num processo de degradação e tornaram o Templo sujo. O Templo é um ícone da Igreja.
É a partir desta premissa que avança para o perigo da corrução:Sempre há na Igreja a tentação da corrução. É quando a Igreja, em vez de ser apegada à fidelidade ao Senhor Jesus, ao Senhor da paz, da alegria, da salvação, quando em vez de fazer isto, é apegada ao dinheiro e ao poder. Isso acontece aqui, neste Evangelho. Os chefes dos sacerdotes, escribas que eram apegados ao dinheiro, ao poder esqueceram o espírito e Jesus expulsou-os do Templo sagrado.

O Pontífice lembrou que a força de Jesus era a sua palavra, o seu testemunho, o seu amor. E onde está Jesus, não há lugar para a mundanidade, não há lugar para a corrução! E esta é a luta de cada um de nós, esta é a luta quotidiana da Igreja: sempre Jesus, sempre com Jesus, sempre seguindo as suas palavras; e jamais procurar seguranças onde existem outras coisas e um outro patrão. Jesus nos havia dito que não se pode servir a dois patrões: Ou Deus ou o poder, concluiu o Papa.
as palavras que Francisco dirigiu aos jovens de Nairobi, apelando para que não aceitassem o açúcar da corrução servem na perfeição para todos, católicos ou não, pois trata-se de um valor muito importante para toda a sociedade. a corrução adensa ainda mais a injustiça social e uma sociedade onde não haja justiça social também não há solidariedade, amor e paz. Há um vazio inócuo perturbador.