Necessitamos de um acordo global em Paris, que envolva todas as nações, incluindo a China e os Estados Unidos da américa, que em conjunto são responsáveis por 44 por cento das emissões globais de gases de estufa
Necessitamos de um acordo global em Paris, que envolva todas as nações, incluindo a China e os Estados Unidos da américa, que em conjunto são responsáveis por 44 por cento das emissões globais de gases de estufa a Conferência de Paris (dezembro de 2015) poderá ter um papel decisivo na coordenação de ações mundiais para combater a grande ameaça ontológica representada pelas alterações climáticas. a encíclica do Papa Francisco, Laudato Si, contém todas as mensagens que os líderes políticos e empresariais não podem deixar de escutar. as alterações climáticas antropogénicas (causadas pela ação humana) dão-nos razões imperativas para acelerarmos a saída de uma economia e de um estilo de civilização patologicamente dependentes dos combustíveis fósseis. De acordo com o melhor consenso científico possível, se deixar­mos aumentar a concentração de gases com efeito de estufa para além de 450 ppmv de dió­xido de carbono equivalente, correre­mos o risco de sofrer um aumento médio global da temperatura superior a 2ºC, que inviabilizará muitas das medidas de adaptação que estão a ser tomadas. a necessidade e urgência dessa mudança prende-se com a sua extraordinária velocidade temporal. Enquanto as glaciações, por exemplo, abrangem períodos de aproximada­mente 100. 000 anos, o atual aquecimento global é e será ainda mais visível em escassas dezenas de anos. Se o carbono e o metano contidos no permafrost (solo permanente­mente gelado) siberiano forem libertados pelo aumento da tempe­ratura, isso significará uma intensificação extraordinária da con­centração de gases de estufa. O comporta­mento da criosfera terá aqui um papel deci­sivo. Se a temperatura média se elevar 3ºC, ou mais, correremos o risco de despertar um mecanismo de não retorno que poderá levar, ao longo dos próxi­mos séculos, ao colapso completo das grandes massas de gelo permanente que se encontram sobre a Gronelândia e a antárctida. Nesse caso, a elevação do mar assu­miria proporções diluvianas de mais de 60 metros. Por tudo isso, necessitamos de um acordo global em Paris, que envolva todas as nações, incluindo a China e os Estados Unidos da américa, que em conjunto são responsáveis por 44 por cento das emissões globais de gases de estufa. Trata-se de um imperativo de justiça e uma condição para a paz. Num planeta devastado por fenómenos extremos e por milhões de refugiados fugindo das linhas costeiras será demasiado tarde para corrigir o mal que a nossa indiferença coletiva está a deixar crescer sem resposta.