a Igreja, apesar de não ser uma agência humanitária ou uma ONG, tem como missão envolver-se nas situações mais difíceis, com uma cultura de proximidade e de diálogo com todos
a Igreja, apesar de não ser uma agência humanitária ou uma ONG, tem como missão envolver-se nas situações mais difíceis, com uma cultura de proximidade e de diálogo com todosO Papa Francisco, conhecedor das linhas missionárias da Igreja, afirmou na Evangelii Gaudium: a partir do coração do Evangelho, reconhecemos a conexão íntima que existe entre evangelização e promoção humana, que se deve necessariamente exprimir e desenvolver em toda a ação evangelizadora. a aceitação do primeiro anúncio, que convida a deixar-se amar por Deus e a amá-lo com o amor que Ele mesmo nos comunica, provoca na vida da pessoa e nas suas ações uma primeira e fundamental reação: desejar, procurar e ter a peito o bem dos outros. Efetivamente, o pedido explícito de Jesus aos seus discípulos: Dai-lhes vós mesmos de comer envolve a Igreja na cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e responder às necessidades muito concretas das pessoas. Os leitores já certamente se aperceberam desta realidade, através dos abundantes testemunhos de intervenção dos nossos missionários no campo do desenvolvimento integral do ser humano, no intuito de tornar as pessoas mais felizes, trabalhando pela paz e pela justiça, e garantindo-lhes um futuro mais risonho. Toda a promoção humana que for inspirada no Evangelho será sempre geradora de valores que dignificam o homem e por isso mesmo promotora de desenvolvimento. É por isso que a Igreja, apesar de não ser uma agência humanitária ou uma ONG, tem como missão envolver-se nas situações mais difíceis, com uma cultura de proximidade e de diálogo com todos. Quer isto dizer que a religião não pode ser relegada para a intimidade das pessoas, sem qualquer influência na vida social. Ninguém pode esquecer os exemplos paradigmáticos de um Francisco de assis ou de uma Madre Teresa de Calcutá e de tantos missionários neste campo de proximidade e de atenção a situações de periferia. Uma fé autêntica – que nunca é cómoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela, adverte ainda Francisco na Evangelii Gaudium. É esta a tarefa da missionação: a vivência da fé traduzida numa preocupação constante pela construção de um mundo cada vez mais humano, na convicção de que o Evangelho é força libertadora e promotora de desenvolvimento. É este, aliás, o contributo específico da Igreja missionária para a humanização do mundo. Um contributo que leva a felicidade às pessoas e faz com que o evangelizador seja um homem feliz. Um missionário plenamente devotado ao seu trabalho experimenta o prazer de ser um manancial que transborda e refresca os outros, recorda-nos Francisco, cuja vida não testemunha outra coisa.