Os refugiados que «assaltaram» a Europa, à procura de sustentabilidade e paz, estão a tornar-se um problema global. a guerra no médio-oriente destabilizou aquela região, mas também todos os países intervenientes e até terceiros. Quem sofre são as pessoas
Os refugiados que «assaltaram» a Europa, à procura de sustentabilidade e paz, estão a tornar-se um problema global. a guerra no médio-oriente destabilizou aquela região, mas também todos os países intervenientes e até terceiros. Quem sofre são as pessoas a guerra nunca serviu para resolver problemas, mas sim para consumar o domínio de uns países sobre outros, essencialmente para tirar benefícios económicos, ou outros, em proveito próprio. Foi o que aconteceu com a invasão do Iraque em 2003 e, mais tarde, com a guerra contra a Líbia em 2011. No caso do Iraque a justificação para a guerra foi a suspeição da existência de armamento de destruição maciça (nuclear), o que nunca viria a provar-se. Na avaliação de alguns países, académicos e organizações estrangeiras o objetivo da américa foi controlar reservas de petróleo no país.
Quando se fala nos refugiados oriundos da Síria, e outros países daquela zona do globo, não se faz menção ao problema que originou o que agora vivemos. Os Estados Unidos após vencerem a guerra com o Iraque impuseram uma organização de governo que não respeitou a tradição e as populações residentes, ou seja um governo contra a corrente política do país. as consequências teriam que surgir naturalmente. E assim aconteceu. Mas pior que isso: veio a destabilização não só do Iraque, como de toda a zona do médio-oriente, especialmente depois da guerra com a Líbia. E a destabilização trouxe consigo novos conflitos, não só de soberania, mas de religião também. a Síria é um bom exemplo disso.

O que referimos atrás destina-se a lembrar que quem deveria arcar com as consequências nefastas das guerras seriam aqueles que as iniciaram ou deram motivo para tal. Mas infelizmente isso não se verifica, pois é sempre a população a mais castigada em todos os sentidos. Hoje temos um problema humanitário à escala global, mas na prática apenas os países europeus (é verdade que alguns também apoiaram e participaram na guerra), é que estão a tentar atenuar e até resolver o problema, o que já nos parece menos provável.
Segundo as estimativas há mais de quatro milhões de refugiados de vários países daquela zona do globo, especialmente sírios. Dentro da Síria haverá para cima de 12 milhões de pessoas que precisam de ajuda humanitária e as crianças afetadas pela violência (na Síria e sub-região) ultrapassam os 14 milhões. São números avassaladores e que merecem uma profunda reflexão.

Mas nem tudo é mau e os portugueses são um bom exemplo disso. a crise dos refugiados é algo sensível a muitos, pessoas e simultaneamente instituições, por isso são necessárias respostas concretas de todos aqueles que sentem e vivem esse problema. Recentemente (em setembro passado) foi criada a Plataforma de apoio aos Refugiados – PaR, entidade esta que pretende promover o acolhimento a refugiados. Em 19 de outubro passado foram assinados protocolos de colaboração entre diversas instituições, a PaR e o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), naquela que foi a primeira assembleia Geral do organismo realizada no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa.
De referir que já há 68 instituições espalhadas pelo país que estão prontas, no imediato, a acolher famílias de refugiados no total de 420 refugiados. Foram estas instituições que assinaram um protocolo de colaboração entre a PaR e o JRS. Neste estão definidas as obrigações de cada instituição anfitriã no acolhimento das famílias de refugiados, assim como está definido o papel que o JRS irá desempenhar enquanto Secretariado Técnico.
O JRS ficará responsável pelo acompanhamento e apoio técnico às instituições de acolhimento de famílias refugiadas, com vista à sua integração e autonomização progressivas na sociedade portuguesa. Tem ainda a função de fazer um diagnóstico inicial a cada família acolhida para detetar as suas necessidades, o que permitirá a seleção da instituição que a irá acolher.

a Plataforma, composta por um núcleo de 30 fundadores, já conta com o apoio de 248 organizações da sociedade civil, 15 entidades apoiantes – entre elas a Comissão Episcopal Portuguesa -, membros aderentes, caso dos Missionários da Consolata e muitos outros. Há ainda várias instituições dos Média que apoiam também a causa.
as manifestações de generosidade da sociedade portuguesa são um bom sinal, agora é preciso organizar a generosidade, torná-la eficaz, referiu Rui Marques, ex-alto Comissário adjunto para a Imigração e Minorias Étnicas e um dos mentores do projeto, segundo o jornal Público.
apesar do tema dos refugiados ser controverso – há quem aponte diferenças culturais e religiosas que poderão ser impeditivas de êxito na sua integração – temos que fazer falar o coração e agir em conformidade, pois eles também são nossos irmãos.