O Papa Francisco afirmou quarta-feira passada, durante o discurso na audiência geral celebrada na Praça de São Pedro, que a Política e a economia não reconhecem nem apoiam a família. Portugal é uma imagem muito concreta dessa falta de sensibilidade
O Papa Francisco afirmou quarta-feira passada, durante o discurso na audiência geral celebrada na Praça de São Pedro, que a Política e a economia não reconhecem nem apoiam a família. Portugal é uma imagem muito concreta dessa falta de sensibilidadeEnquanto está em curso o Sínodo dos Bispos com o tema a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo, o Papa encontrou-se na Praça de São Pedro com os peregrinos no passado dia 7 fazendo uma catequese sobre o espírito familiar. Francisco afirmou que a família que percorre o caminho do Senhor é um testemunho fundamental do amor de Deus e consequentemente, merece toda a dedicação da Igreja. Neste sentido, a assembleia Sinodal, iniciada no último domingo, 4 de outubro, deve interpretar com o olhar de hoje a solicitude e a atenção da Igreja. a família requer toda a nossa atenção e cuidado e o sínodo deve responder a este pedido, referiu o Papa. Desde segunda-feira, 270 prelados encontram-se reunidos no Vaticano para debater e dar uma resposta por parte de igreja católica aos desafios que são atualmente colocados às famílias. Para a Igreja católica, o espírito da família é como a sua carta magna: a igreja é e deve ser a família de Deus, assegurou.

O Papa afirma que o Sínodo dos Bispos não é um congresso ou uma convenção, um parlamento ou um senado, onde se negoceiem decisões e convida os participantes a manterem um diálogo franco e aberto sobre a família. Lembrou que o único método do Sínodo é o de abrir-se ao Espírito Santo, com coragem apostólica, humildade evangélica e oração confiante. Francisco disse que o depósito da fé da Igreja Católica é uma fonte viva e ela caminha em conjunto para ler a realidade com os olhos da fé e o coração de Deus. O Sínodo, como sabemos, é um caminhar juntos, com o espírito de colegialidade e sinodalidade, adotando corajosamente a franqueza, acentuou. O Pontífice frisou também a importância de um coração que se abre a Deus e ao seu Espírito, para evitar que as decisões do Sínodo sejam apenas decorações, que em vez de exaltar o Evangelho, o cobrem e escondem.

Sexta-feira passada, na quarta Congregação Geral do Sínodo dos Bispos, foram lidos os relatórios dos círculos menores, que deram luagar a algumas intervenções na sala sinodal. Destaque para o arcebispo de Madrid, Carlos Osorio Sierra, ao afirmar que a família é um assunto demasiado importante, porque é a estrutura original da vida humana que se encontra em todas as culturas. Disse ainda que ela pode viver a densidade, o carinho com que todos tratam este tema e a liberdade absoluta existente. E que existe um desejo imenso de mostrar ao mundo que Deus quis estar presente e tomar rosto numa família. Revelou que há um compromisso, o desejo de mostrar a beleza da família, que é uma escola de belas-artes e para isso estamos usando a melhor tinta e os melhores pincéis.
O arcebispo espanhol também deu o seu testemunho pessoal sobre a família: O melhor da minha vida não aprendi no seminário, mas na minha família, simples, cristã: o saber querer, respeitar, servir, entregar-me, descobrir que o outro tem mais importância do que eu, respeito aos maiores, a todos aqueles que pela idade passam a ter capacidades diferentes. Também para conhecer nosso Senhor, a primeira catequista foi a minha mãe.

Os trabalhos da assembleia Sinodal deverão findar no próximo dia 25, mas não são de esperar grandes mudanças, pois como afirmou o cardeal andré Vingt-Trois, arcebispo de Paris, aqueles que estão à espera de uma mudança espetacular na doutrina da Igreja vão ter uma deceção. De recordar que o Papa Francisco, na abertura do Sínodo, reafirmou a indissolubilidade do sacramento do matrimónio e condenou o divórcio, reiterando que a família é composta por um homem e uma mulher. Na homilia pronunciada durante a missa solene na Basílica de São Pedro, em Roma, diante de 400 cardeais e bispos de todo o mundo, o Sumo Pontífice reconheceu que a Igreja deve defender os valores tradicionais num contexto social e matrimonial bastante difícil. O que Deus uniu, o homem não pode separar, disse, citando o Evangelho. Ou seja: na sua essência vão manter-se os princípios doutrinais da Igreja Católica sobre o casamento e a família, mas possivelmente tendo mais em conta a realidade dos nossos dias.